Opinião

Ambígua

Aqui me tens inerme e a ti exposta

olhos nos olhos, sem defesa alguma,

entregue ao teu olhar que em si se abruma

por entre véus, sem dar-me uma resposta.

 *

Teimosamente o meu olhar te arrosta

e espreita como espreita a caça a puma,

contudo o teu me escapa mudo e, em suma,

tua presença ausente me está posta.

 *

Inerme, sem ferrões, porém não morta,

a minha placidez em si comporta

veneno sem antídoto, sem cura.

 *

Na minha mansidão moram serpentes

que têm veneno em presas inclementes

que quanto mais retido mais depura.

 

Edir Pina de Barros

 

Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas, da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa e do Fórum do Soneto. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais.  É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.  

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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