Opinião

Amarras da vida

Hoje pela manhã acordei com um texto de meu filho de santé Flávio Mattos que me deixou pensativo sobre algumas situações com que frequentemente lidamos; compartilho com vocês: em uma cidade do Brasil havia uma casa de Umbanda extremamente comprometida com os princípios do amor e da caridade, contudo, enfrentava problemas como qualquer outra. Um filho de santo constantemente se via com problemas, de modo que soluções pareciam inexistir em sua trajetória. Certa feita chegou ao seu Pai de Santo e lhe disse:

– Meu Pai, acredito que alguma coisa fizeram pra minha vida, nada dá certo e realmente sinto que tenham me amarrado com forças negativas…Tenho certeza!

Já apreensivo, o sacerdote, sereno e cauteloso como era, foi consultar nos búzios e constatou que nada de espiritual havia na situação. Ao expressar isso para seu filho, a rebeldia foi imediata. E isso se repetiu por mais duas vezes, sendo que na terceira vez a explosão foi inevitável.

– Não é possível que isso esteja certo, eu tenho certeza de que algo de muito errado está acontecendo em minha vida, meu pai!

Não disposto à discussão, o sacerdote lhe pontua:

– Meu filho, por inúmeras vezes fizemos trabalhos de abertura de caminhos e harmonização de suas forças, de modo que o jogo confirma que nada há de errado, contudo, sua certeza me deixa em situação embaraçosa – na qual não vejo outra saída se não a de confiar em mim.

Incrédulo quanto à sabedoria e dedicação de seu sacerdote para com ele, opta por então ir a outro terreiro sem que ninguém de sua casa saiba. Chegando lá, viu se manifestarem entidades com o arquétipo de criança e logo corre para uma que segurava em sua mão uma fita azul.

– Me diga, criança, me diga o que está de errado em minha vida!

A entidade começa então a gritar em tons agudos:

– Desfaça esse nó, tio! Desfaça logo esse nó ou ficarei louco!

Todos estavam boquiabertos com a situação, logo o rapaz pegou a fita e inúmeras vezes tentou encontrar um nó que ali não existia e a criança se acalmou ao ver o rapaz chorando.

– É assim mesmo, tio! Às vezes não adianta fazer nada quando simplesmente escolhemos não enxergar a realidade. Há uma linha muito tênue entre a autoconfiança e a arrogância. O nó que tanto reclama em sua vida existe sim… na sua mente! Do que adiantava seu sacerdote tentar lhe ajudar se a sua certeza em uma percepção cega era maior do que a confiança naquele que de tudo faria por ti? Ao invés de entender o que estava acontecendo, quantas vezes escolheu gritar feito eu… uma criança?

O homem voltou para seu sacerdote dias depois e pediu perdão, reconhecendo que as amarras de sua vida se encontravam em uma necessidade de postular que tudo era de origem espiritual, tirando-lhe a responsabilidade do que vivenciava e o dever de respeitar e confiar na ancestralidade do Sacerdote que o dirigia.

Redação

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