De acordo com o diretor da divisão de biologia médica do Lacen, Marlisson Otávio, o garoto infectado teve diagnóstico negativo em uma análise preliminar do vírus. O resultado desta quinta-feira é definitivo. O garoto com a doença apresenta atualmente quadro estável de saúde.Quando analisamos pela primeira vez, o menino estava com quadro sugestivo à doença. Ele apresentou resultado negativo, o que fez a gente enviar as amostras para outro instituto, explicou o diretor.Foi realizado o exame para dengue na primeira vez por causa da semelhança de sintomas entre as duas doenças. No caso da chikungunya, a pessoa tem o diagnóstico de dores nos tecidos das articulações. O tratamento é sintomático.
Além do quadro clínico apresentado pelo garoto, o histórico de contágio do vírus na família dele e o país de origem o colocou em condição suspeita da doença. O adolescente é de Guadalupe, departamento francês que sofre com epidemia do chikungunya. Os pais do menor já haviam contraído o vírus.
"Com o resultado apresentando o vírus, vamos enviar o exame à Coordenadoria de Vigilância Sanitária, que vai traçar métodos de combate à doença", comentou Marlisson Otávio, do Lacen.
O menino francês foi o terceiro caso suspeito de chikungunya registrado no Amapá. Em 9 de julho duas pessoas com suspeita de infecção pelo vírus foram atendidas pela CVS em Oiapoque. Elas estavam de passagem pelo Amapá e retornaram para a Guiana Francesa antes da confirmação do diagnóstico.
Chikungunya
Quando surgiu o vírus?
O vírus chikungunya foi identificado pela primeira vez entre 1952 e 1953, durante uma epidemia na Tanzânia. Mas casos parecidos com essa infecção com febres e dores nas articulações já haviam sido relatados em 1770.Na Ásia, a doença foi detectada pela primeira vez em 1960, durante um surto na Tailândia, e durante as décadas de 1960 e 1970, na Índia. Em 2007, foram identificados os primeiros casos de transmissão na Europa, no norte da Itália. Em dezembro de 2013, o vírus finalmente chegou à América, quando casos foram identificados na ilha de São Martinho (ou Saint-Martin), nas Antilhas. Atualmente, existe um surto da doença em vários países do Caribe.
Onde o vírus está circulando?
De acordo a OMS, o vírus já vinha circulando nos últimos anos pela África e pela Ásia, principalmente no subcontinente indiano. Mais recentemente, foram identificados casos na Europa. Em dezembro do ano passado, a doença chegou ao Caribe a primeira ocorrência de surto nas Américas. Até o momento, não existe registro de nenhum caso transmitido dentro do Brasil.
Tem tratamento?
Não há um tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
De acordo com Tauil, da SBI, os serviços de saúde brasileiros já estão preparados para identificar a doença. "Provavelmente quem vai receber esses casos são reumatologistas. Já escrevemos artigos voltados para esses profissionais, orientando-os a ficar atentos a pessoas provenientes de áreas em que há transmissão", diz o infectologista. Pessoas que apresentarem os sintomas citados e estiverem voltando de áreas onde existe a transmissão do vírus, como o Caribe, devem comunicar o médico.
Apesar de haver poucos riscos de formas hemorrágicas da infecção por chikungunya, recomenda-se evitar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) nos primeiros dias de sintomas, antes da obtenção do diagnóstico definitivo.
G1