Estudantes protestam na Avenida Paulista na manhã desta sexta-feira (23) contra a reestruturação da educação (Foto: Will Soares/G1)
Estudantes de escolas públicas fizeram na manhã desta sexta-feira (23) mais um protesto contra a reestruturação da rede de ensino estadual que o governo paulista pretende implantar já a partir do início de 2016. Com a mudança, cada unidade escolar passaria a receber apenas alunos de um dos ciclos da educação. Mais de 1 milhão de alunos precisariam ser transferidos com a medida. O ato começou na Avenida Paulista e terminou na Secretaria da Educação, na Praça da República. Não houve tumulto e prisões.
Às 9h30, os estudantes interditaram a Avenida Paulista no sentido Consolação em frente ao Masp. Segundo a Umes, que promoveu o protesto, o grupo caminhará até a sede da Secretaria de Educação, na Praça da República. Eles vão seguir pela Paulista, pegar a Rua da Consolação e depois a Avenida Ipiranga para chegar ao local, onde o protesto deve ser encerrado. A organização fala em aproximadamente 700 alunos participantes e a Polícia Militar, em 100 pessoas.
Às 10h10, os estudantes chegam à Rua da Consolação e concordaram em liberar a faixa de ônibus para o tráfego. Agentes da CET liberaram a faixa exclusiva para carros e motos também passarem.
Laiane Luiza, de 16 anos, estuda na Escola Estadual Adolfo Casais Monteiro, na Zona Sul da capital, que também estaria entre as afetadas pela mudança. A jovem pintou o rosto e se juntou aos colegas de sala e de outros colégios para protesta . "Eles tão querendo tirar o pouco que a gente tem. Escola é prioridade. A gente não tem nada, só a educação", afirmou.
Após passar pela Praça Franklin Roosevelt, o protesto saiu da Rua da Consolação e tomou as ruas Rego Freitas e Major Sertório às 10h45.
Às 11h, o protesto chegou à Praça da República, onde fica a Secretaria da Educação. Policias militares se posicionaram em frente à entrada da secretaria para garantir que não haja depredação do patrimônio público. O protesto segue pacífico. A área no entorno da portaria foi isolada com pequenas grades por motivo de segurança. O presidente da Umes, Marcos Kauê, afirmou ao microfone que os estudantes exigiam que o secretário da Educação, Herman Voorwald, saia do prédio para conversar. A reunião não aconteceu.
A manifestação foi dada como encerrada pelos organizadores às 11h30. No horário, o carro de som foi desligado e os alunos começaram, então, a se dispersar. Nas considerações finais do ato, os manifestantes se revezaram ao microfone para discursar contra a reestruturação do ensino e a gestão do governador Geraldo Alckmin. O grupo também aproveitou a oportunidade para convocar os estudantes para mais um protesto, marcado para acontecer no dia 26, às 8h, na esquina das avenidas Francisco Morato e Vital Brasil, na Zona Oeste. Na data, além da Francisco Morato, eles pretendem interromper o trânsito na Rodovia Raposo Tavares e na Avenida Eliseu de Almeida.
No Facebook, no evento criado como "5º Grande Ato Contra o Fechamento das Escolas de SP", 1,7 milhão de pessoas confirmaram presença.
"Os estudantes de SP vão às ruas mais uma vez mostrar para o governador Geraldo Alckmin que não permitiremos que nenhuma escola seja fechada! A nossa luta cresce a cada dia! #NãoFechemAMinhaEscola", diz publicação no evento.
Nesta quinta-feira (22), a Secretaria da Educação do Estado de São Pauloinformou que deve divulgar nesta sexta-feira (23) as escolas que serão afetadas pela reorganização no ensino da rede estadual, que passa a valer a partir de 2016.
Segundo o secretário Herman Voorward, a mudança será "gradativa". Voorwald afirmou que a intenção da mudança não é fechar escolas. "Toda ação foi preparada para que não faltasse espaço para as crianças. Nós vamos mexer com mais de 2,9 mil salas ociosas", afirmou.
Governo garante vagas
De acordo com Sandoval Cavalcante, dirigente regional de ensino, "nenhum aluno ficará sem vaga". Todos os 3,8 milhões de alunos matriculados na rede estadual continuarão sendo atendidos. O representante da Secretaria Estadual de Educação ressaltou também que nenhum espaço escolar será inutilizado.
Segundo ele, em caso de "disponibilização" de unidades, elas serão utilizadas para outros serviços de educação. Ou seja, se forem desativadas, as escolas serão transformadas em creches ou Etecs, por exemplo. Cavalcante explicou ainda que não há nenhuma decisão definitiva quanto ao apontamento de quais colégios serão fechados. O dirigente afirma que não está definido nem se algum deles será, de fato, desativado.
"Nós continuamos com processo aberto. Os diretores de escola devem encaminhar suas discussões junto às comunidades escolares. A diretorias de ensino estão abertas a esse procedimento para que possamos fechar a melhor proposta possível, para que os alunos tenham a vagas garantidas e a reorganização possa acontecer", completou.
Fonte: G1