Cidades

Alta dos preços na cesta básica impacta renda do consumidor

Foto Ahmad Jarrah

Administrar os gastos com alimentação, sem perder em qualidade e sem deixar com que outros compromissos financeiros sejam afetados, tem sido um desafio cada vez maior para a população brasileira.  

Puxada principalmente pela elevação dos preços dos alimentos, a inflação oficial do País, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2015 com alta acumulada de 10,67%. Esse foi o pior resultado registrado ao longo dos últimos treze anos, quando o índice referente a dezembro de 2002 foi de 12,53%.  

Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que Cuiabá teve a quarta cesta básica mais cara do Brasil ao longo de 2015. Segundo a pesquisa, o valor do conjunto básico de alimentos subiu de R$ 326,40 para R$ 384,40, o que representa aumento de 18% em um ano. No ranking nacional, Cuiabá só ficou atrás de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

Para facilitar a vida do consumidor que pretende valorizar seu dinheiro, pesquisando antes de comprar, levantamos os preços de alguns dos principais produtos da cesta básica, praticados por três das maiores redes de supermercados presentes na capital. Mais uma vez, foi constatada variação expressiva de valores entre os diferentes estabelecimentos. A consulta foi realizada no dia 12 de fevereiro. 

 A diferença no preço do quilo do tomate, por exemplo, chega a mais de 100% de um mercado para o outro: os valores variam de R$ 5,25, passando por R$ 6,98 até R$ 10,99. Ou seja, é possível comprar o dobro da quantidade onde o produto é mais barato (mais detalhes na tabela abaixo do texto).  

“As altas de alguns alimentos impactaram no orçamento do brasileiro este ano, principalmente o tomate, a batata e o limão que é de uso quase diário na cozinha. Isso também aconteceu com diversos outros produtos, em maior ou menor grau: ou seja, mais dinheiro na compra menos dinheiro no bolso”, sintetiza o economista Renato Gorski. 

O feijão de todos os dias pode ficar mais salgado, dependendo do local onde é comprado. No caso das marcas líderes de venda, os preços podem variar mais de 45%, com valores que vão de R$ 9,90 até R$ 14,50. No caso das marcas mais baratas, a diferença também é expressiva. Pelo mesmo produto, o consumidor pode pagar de R$ 6,19 até R$ 9,59. 

Outro alimento cujo preço varia bastante é a mussarela fatiada, muito consumida tanto em pratos mais elaborados como em lanches rápidos. Nas três redes onde o levantamento foi realizado (Comper,Big Lar e Extra), os valores encontrados foram de R$ 39,90, R$ 37,85 e R$ 59,90, respectivamente. A diferença do quilo mais caro para o mais barato é de nada mais nada menos que R$ 20. 

Conta final

Quem tem o hábito de pesquisar antes de encher o carrinho de compras, percebe o resultado na hora de pagar a conta. Com uma rápida consulta nos folhetos de promoções ou nas gôndolas dos mercados, é possível levar mais produtos. “Hoje em dia não tem como chegar e ir comprando sem muita atenção, como a gente fazia antes. Tem que ficar de olho nas promoções e nos produtos da estação, que geralmente são mais baratos. Realmente não está fácil”, diz a educadora física Helena Gimenez. 

Entre os produtos escolhidos para o levantamento nos mercados de Cuiabá, a carne bovina teve uma das menores variações. O quilo do coxão mole, por exemplo, vai de R$ 22,90 a R$ 24,90. Ainda assim, o preço alto tem levado muita gente a optar por outros tipos de carne. “Carne de boi tem sido menos frequente lá em casa. Geralmente a gente tem comprado mais frango, carne de porco e até o peixe muitas vezes tem saído mais barato”, compara o taxista Hemerson Sampaio.    

Frete 

O aumento dos preços cobrados pelos fretes é um dos principais itens que puxou a alta dos alimentos. Nos estados mais distantes dos grandes centros e com estrutura de logística deficitária, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o impacto é ainda mais acentuado. Por sua vez, o custo do transporte foi pressionado pela inflação acumulada dos últimos 12 meses e principalmente pela elevação do preço do combustível. Somente a alíquota do ICMS sobre o diesel subiu de 12% para 17%. 

Panorama

Cabe destacar que a constante alta no preço dos alimentos é uma realidade que tem afetado todo o País. De acordo com o último levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), referente a dezembro do ano passado, a cesta básica ficou mais cara em todas as 18 capitais onde os preços foram consultados. A capital baiana teve o pior resultado, com o conjunto básico dos alimentos subindo mais de 23% no período – mais que o dobro dos 10,67% referentes à elevação da inflação.

IPCA  

No grupo alimentação e bebidas, o de maior peso no IPCA (25,1%), a alta foi de 12,03%, com aumento generalizado nos alimentos adquiridos para consumo em casa. Vários produtos ficaram bem mais caros de 2014 para 2015 como a cebola, que subiu 60,61%; o tomate (47,45%); a batata-inglesa (34,18%) e o feijão-carioca (30,38%).

Sobre os alimentos, o IBGE ressaltou que esse grupo, que tem muita importância no consumo das famílias, vem exercendo nos últimos anos pressão sobre o custo de vida. De 2007 a 2015, os resultados do grupo foram: 2007 (10,79%), 2008 (11,11%), 2009 (3,18%), 2010 (10,39%), 2011 (7,18%), 2012 (9,86%), 2013 (8,48%), 2014 (8,03%) e 2015 (12,03%).

A inflação apurada pelo IBGE, relativa ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e que envolve famílias de menor renda (um a oito salários mínimos) subiu mais do que a medida pelo IPCA – que abrange famílias com rendimento de até 40 salários. O indicador fechou o ano com alta de 11,28% – resultado 0,61 ponto percentual superior aos 10,67% do IPCA de 2015. “O percentual de impacto nos orçamentos depende do valor do rendimento (salários) de cada consumidor, sendo que nos de renda de até cinco salários mínimos o impacto é maior”, explica Gorski.  

Mínimo

Com base no custo da cesta básica com o maior valor, e levando em consideração as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em novembro de 2015, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.399,22, ou 4,31 vezes mais do que o mínimo de R$ 788,00. No mês anterior, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.210,28, ou 4,07 vezes o piso vigente. Em novembro de 2014, o valor necessário para atender às despesas de uma família era de R$ 2.923,22, ou 4,04 vezes o salário mínimo então em vigor (R$ 724,00).

 

Alimento

Mercado I

Mercado II

Mercado III

 

Comper

Big Lar

Extra

Batata (quilo)

R$ 4,99

R$ 6,99

R$ 4,55

Tomate (quilo)

R$ 6,98

R$ 10,99

R$ 5,25

Arroz 5 quilos (marca líder)

R$ 17,90

R$ 21,20

R$22,90

Arroz (mais barato)

R$ 11,99

R$ 14,50

R$ 9,90

Feijão um quilo (marca líder)

R$ 6,19

R$ 9,59

R$ R$ 6,79

Feijão (mais barato)

R$ 5,30

R$ 4,98

R4 5,69

Leite integral

R$ 2,99

R$ 4,16

R$ 3,09

Mussarela fatiada (quilo)

R$ 39,90

R$ 37,85

R$ 59,90

Coxão Mole (quilo)

R$ 22,90

R$ 23,95

R$ 24,90

Costela bovina (quilo)

R$ 8,98

R$ 13,99

R$9,90

Óleo de soja 900ml

R$ 3,90

R$ 3,72

R$ 3,69

Ovo (dúzia)

R$ 4,39

 

R$ 7,98

Espaguete (500 gramas, marca líder)

R$ 9,75

R$ 6,79

R$ 3,89

Espaguete (mais barato)

R$ 2,49

R$ 2,99

R$ 1,99

Açúcar cristal (dois quilos)

3,99

R$ 4,49

R$ 4,19

Thales de Paiva

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