O governador Geraldo Alckmin rebateu nesta segunda-feira (8) a pressão interna no PSDB pela melhora de seu desempenho em pesquisas eleitorais como critério para a consolidação de sua candidatura à Presidência e minimizou o tom cético adotado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Isso não tem nenhum sentido, porque na realidade as mudanças de pesquisa só vão ocorrer mais perto do processo eleitoral, quando a população estiver mais focada na questão da disputa, quando os candidatos estiverem definidos", afirmou Alckmin.
"O eleitor é muito sábio. Ele observa, ele acompanha, ele se informa, ele compara. Então, as grandes mudanças vão ocorrer no segundo semestre. Não vai ter nenhuma mudança extraordinária nesse começo de trabalho."
Hoje no PSDB, partido que o governador preside, há uma pressão para que ele cresça em pesquisas de intenção de voto até abril para que haja consenso em torno de seu nome.
O Datafolha mostrou que o governador alcança no máximo 9% a depender do cenário testado.
Diante desse desempenho e especulações sobre candidaturas de centro e que defendam o governo Temer, FHC chegou a aventar a possibilidade de o PSDB apoiar outro nome.
"Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa", disse o ex-presidente ao jornal "O Estado de S.Paulo".
Para Alckmin, é "absolutamente normal" que caciques tucanos não sejam unânimes em torno de seu nome.
"Acho até que foi deturpada a fala do Fernando Henrique. O que ele falou é o que nós defendemos. Que o Brasil está cansado de divisão, que nós precisamos ter união, para que o país retome uma agenda de reforma, de competitividade, de desenvolvimento", concluiu.
No trator
De capacete da Sabesp em um canteiro de obras da Camargo Correa, em São Bernardo do Campo (SP), Alckmin foi aplaudido ao recolher barro em cima de um trator e devolvê-lo ao mesmo lugar.
O governador inaugurou obras na represa Billings e foi recebido como candidato a presidente pelo prefeito Orlando Morando (PSDB), que chegou a ser simpatizante de uma campanha presidencial de João Doria.
"O brasileiro precisa ter a responsabilidade que o paulista e o paulistano tiveram. Parar com discurso barato, do pão com mortadela, e eleger quem está preparado para governar o Brasil", discursou Morando.
"É essa esperança que o Brasil tem no senhor, em poder ter um gestor nacional, que possa devolver os investimentos que o país perdeu", continuou o prefeito de São Bernardo.
Morando fez críticas ao fisiologismo em que, segundo ele, partidos aliados a Temer "extorquem" o governo federal em troca de emendas parlamentares.
O governador tucano tem mantido uma "distância segura" do centrão e partidos como o MDB de Temer, que em resposta não abraçam sua provável candidatura.
O gesto de Morando foi retribuído. Em seu discurso, Alckmin disse ter "olhos clínicos" de médico (ele é anestesista) e ter identificado no correligionário "um grande prefeito", que fará um "mandato histórico" e "vai contar conosco".