Política

Alan Malouf diz que recebeu R$260 mil de Guizardi no esquema da Seduc

Em depoimento ao Gaeco no último dia 16 de novembro, o empresário Alan Malouf contou que pagou dívidas não declaradas da eleição do atual governador Pedro Taques (PSDB) e que teria recebido R$260 mil a título de ressarcimento do investimento que teria feito na campanha. E que esse dinheiro teria saído de contratos com empreiteiras na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), cenário do esquema desmantelado na Operação Rêmora.

Ao Gaeco, Alan Malouf contou que entre março e abril de 2014 foi procurado em sua residência por “seu amigo” Pedro Taques e que este teria pedido ajuda a sua candidatura a governador de Mato Grosso no sentido de conseguir apoio de agremiação de pessoas.

Malouf relatou, além dele, outros empresários faziam parte do grupo de apoio a candidatura de Pedro Taques e contou também que ao final da campanha restou um débito não declarado à Justiça Eleitoral e o atual governador teria pedido apoio ao empresário para quitar este débito. “O interrogado auxiliou nesta composição e não se recorda por hora do montante”.

Em relação aos investigados na Operação Rêmora, Malouf alegou que não conhecia o ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto e garantiu que não foi o responsável pela indicação dele ao cargo e que isto teria sido feito pelo deputado federal Nilson Leitão, também do PSDB, e pelo próprio governador.

Reconheceu que sua empresa e outras empresas de sua família participaram de algumas licitações junto ao Governo do Estado, mas que não teriam vencido os certames. Porém, novamente declarou que a pedido de Paulo Taques e Pedro Taques realizou o evento de posso do governador, sem que Pedro Nadaf garantiu que pagaria o serviço em nome de uma empresa denominada Kamil Fares. “Mas, que nunca recebeu qualquer valore, uma vez que Paulo Taques disse ao interrogado que não poderia receber por esta empresa, pois ela estaria sendo investigada e que nunca mais recebeu nada do Governo referente a questão.

Malouf contou que doou R$ 200 mil para a campanha de Pedro Taques, assim como o também empresário Giovani Guizardi, seu cunhado. “Giovani solicitou ao interrogado que o apresentasse ao ex-secretário Permínio Pinto para tratar e que isto ocorreu dentro de sua empresa. O empreiteiro teria demonstrado o interesse em participar do projeto Escola Legal, que não chegou a ser viabilizado”.

Alan Malouf relatou que Giovani lhe disse ter uma forma de arrecadar dinheiro para quitar as dívidas de campanha de Pedro Taques, oportunidade que teria relatado o esquema na Seduc com o envolvimento de empresários do setor da construção e de servidores da pasta. Malouf disse ter negado participação no esquema, mas que em uma segunda reunião com Guizadi este teria informado que já estava rolando um esquema de retorno de dinheiro a alguns personagens com a participação de Permínio.

E citou como participantes do esquema o servidor Wander (indicação de Guilherme Maluf) e que tanto ele próprio, Fábio Figeri, Permínio, Wander, Giovani e Guilherme Maluf seriam beneficiados economicamente com o esquema. Porém, disse nunca ter tocado neste assunto com Guilherme Maluf.

Alan Malouf confirmou ter recebido aproximadamente R$260 mil de Giovani Guizardi, em três ou quatro vezes e que os envelopes contendo dinheiro foram entregues em sua residência ou nas dependências de sua empresa. E que Giovani teria pedido para ele entregar um envelope com R$40 mil para Guilherme Maluf e que o próprio Giovani teria dito que seria a ponte entre o esquema na Seduc e o presidente da Assembleia Legislativa. Afirmou, no entanto, que essa teria sido a única vez que entregou dinheiro vivo para Guilherme.

Contou também que participou de uma reunião com Permínio Fábio Frigeri e Giovani e que estes teriam discutido detalhes técnicos do esquema da Seduc e que pode perceber que Frigeri estava cirando dificuldades para a materialização dos esquemas que eram executados por Giovani.

“Pelo que recorda, Permínio tentava demonstrar que não sabia do que tratavam Fábio e Giovani, mas o interrogado não se convenceu disso”.

Relatou, por outro lado, que teria entregado um envelope com dinheiro para Permínio em sua empresa, porém não se lembra o valor. E que o esquema teria funcionado até dezembro de 2015 e que quando recebia os valores de Giovani sabia que esse esquema era a devolução dos empresários que tinham contrato com a Seduc.

Alan Malouf disse que, ao saber da prisão de Giovani, conversou sobre o assunto com o governador Pedro Taques e com o secretário da Casa Civil, Paulo Taques, em seu gabinete do Palácio Paiaguás e que ambos não teriam demonstrado surpresa com isto e nem com a prisão de Permínio.

Outro lado

Confira na íntegra a nota emitida pelo Palácio Paiaguás, rebatendo e negando o teor das declarações de Alan Malouf:

"Acerca do depoimento do investigado na Operação Rêmora, Alan Malouf, ao GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e NACO (Núcleo de Ações de Competências Originárias) do Ministério Público de Mato Grosso, no último dia 16, e divulgado à imprensa nesta segunda-feira (19.12), o Governo de Mato Grosso vem a público esclarecer o que segue:

01) O governador Pedro Taques e o secretário da Casa Civil, Paulo Taques, negam enfaticamente as afirmações levianas e absurdas do investigado Alan Malouf sobre a fantasiosa existência de valores não contabilizados (o chamado “caixa dois”) na campanha de 2014, e reiteram que todas as movimentações financeiras do referido pleito eleitoral encontram-se devidamente registradas na Prestação de Contas do PDT, partido pelo qual Pedro Taques disputou àquelas eleições – inclusive as despesas ainda não pagas – sendo que a prestação de contas da campanha foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

02) O governador e o secretário afirmam, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados.

03) O governador e o secretário classificam as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-los em ações criminosas das quais jamais tiveram conhecimento, tampouco delas deram ordem ou participaram. Lamentam, ainda, que o investigado tente envolvê-los nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação – com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informam que constituirão advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça.

E a verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos.

04) Por fim, o Governo do Estado esclarece que, embora o investigado tenha mantido relacionamento social com Pedro Taques, suas empresas jamais venceram qualquer licitação ou contrato na administração estadual a partir de 01 de janeiro de 2015, uma vez que o governador, por estrita obediência às leis, nunca interferiu e jamais interferirá em qualquer processo de aquisição ou licitação no âmbito do Governo do Estado ou em qualquer outro Governo."

Cuiabá-MT, 19 de dezembro de 2016.

GCOM – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso

 

Sandra Carvalho

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