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Em meio a escândalos de corrupção em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem seu nome envolvido, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou o título de Cidadão Mato-grossense ao ex-presidente da república. O projeto é de autoria do deputado estadual Valdir Mendes Barranco (PT). Os deputados já aprovaram em primeira votação na véspera do feriado da Páscoa (13) a entrega do título a Lula.
Na justificativa, o deputado relata os serviços sociais realizados pelo ex-presidente e também explica que Mato Grosso se beneficiou das obras de Lula.
“Seus governos são marcados principalmente pela implementação bem sucedida de programas de distribuição de renda, como bolsa família, e de acesso dos mais pobres a linhas de créditos, salários mais altos, geração de empregos e melhor qualidade de vida em educação, moradia, infra-estrutura e saneamento e outro dos quais o Estado de Mato Grosso foi e está sendo incalculavelmente beneficiado”, diz trecho da justificativa.
O deputado Valdir Barranco ainda cita sobre o desenvolvimento e avanço social que Mato Grosso apreciou enquanto Lula era presidente e pede apoio dos parlamentares para a aprovação.
“Portanto, pelos motivos sinteticamente apresentados, por sua competência e pelos relevantes serviços prestados à sociedade brasileira, o desenvolvimento e avanço social que mato-grossenses apreciaram, proponho a concessão do Título de Cidadão Mato-Grossense ao Senhor LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, que indiscutivelmente merece todas as honras e respeito. Para tanto apresento a proposição legislativa e peço apoio dos nobres pares pela sua merecida aprovação”, finalizando a justificativa.
O presidente da CCJ, deputado Pedro Satélite (PSD) falou do projeto e da aprovação.
“Haja vista que o título de Cidadão Mato-grossense a pessoa recebe respeitando alguns critérios, entre eles não ter nascido no estado e ter prestado relevantes serviços ao estado de Mato Grosso. A deputada Janaina Riva (PMDB), apresentou o relatório, no qual esse título também foi aprovado”, disse o deputado.
ENVOLVIMENTO NA LAVA JATO
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, aceitou, no dia 20 de setembro de 2016, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras sete pessoas.
Segundo a denúncia do MPF, o ex-presidente cometeu crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. De acordo com a Polícia Federal (PF), a OAS pagou por cinco anos (entre 2011 e 2016) R$ 21,5 mil mensais para que bens do ex-presidente ficassem guardados em depósito da empresa Granero. Os pagamentos totalizam R$ 1,3 milhão.
Na avaliação do coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, o ex-presidente Lula é "comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato". A operação desvendou um esquema de corrupção, cartel, lavagem e desvio de dinheiro em contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobras.
O esquema, de acordo com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal, incluía pagamento de propina a servidores do alto escalão da estatal, a políticos e a partidos como forma de doação eleitoral.
A denúncia do MPF diz que todo o mega esquema envolve o valor de R$ 6,2 bilhões em propina, gerando à Petrobras um prejuízo estimado em R$ 42 bilhões. "Mensalão e Lava Jato são duas faces de uma mesma moeda", afirmou o procurador.
ENVOLVIMENTO COM A ODEBRECHT
Os delatores da Odebrecht revelaram em detalhes e, com uma naturalidade impressionante, como, por três décadas, a empresa cresceu favorecida pela corrupção. Emílio Odebrecht disse que pediu ao ex-presidente Lula favores no BNDES e aprovação de medidas provisórias. Em troca, distribuiu milhões de reais ao PT.
O dono da Odebrecht relatou nos depoimentos, diversas trocas de favores com Lula.
Numa das conversas que tiveram, Emílio Odebrecht disse que pediu para o então presidente aumentar os empréstimos do BNDES para Angola. O que ajudaria os negócios da Odebrecht no país africano.
E mesmo quando Lula já não era mais presidente, segundos os delatores, os agrados — de um lado e de outro — continuaram. Emílio Odebrecht contou que comprou um terreno para o Instituto Lula funcionar e colocou em nome de outra empresa. "Esse terreno foi comprado para ser destinado ao futuro Instituto Lula, mas eles não se interessaram… Quem comprou esse terreno?", diz a pergunta durante depoimento. "Nós", responde o empresário.
DEFESA
Em entrevista a um programa de rádio, o ex-presidente Lula se defendeu das acusações feitas pelos delatores do Odebrecht.
"Já não basta o cidadão falar alguma coisa, por mais a sério ou bobagem que seja. A pessoa tem que provar, sabe? Então, eu estou muito tranquilo, porque continuo desafiando qualquer empresário brasileiro a dizer que algum dia o Lula pediu R$ 10 a ele. Se alguém pediu em meu nome, essa pessoa tem que ser presa, porque eu nunca autorizei ninguém a pedir dinheiro em meu nome. O meu filho estava metido no futebol americano e tinha patrocínio. Eu sou acusado de uma reforma de Atibaia, que o sítio não é meu. O sítio tem dono, tem cartório, tem tudo. Até comprendo que o Marcelo já tá preso há dois anos, comprendo que ele tem família fora, que ele deve estar comendo o pão que o diabo amassou. E talvez esteja tentando criar condições para sair da cadeia. Mas é tão inverossímel as acusações (sic)… É tão irreal as acusações (sic), que eu não vou rir nem vou chorar. Eu vou analisar corretamente, vou conversar com meu advogado. Pegar o processo, ler cada peça do processo, para que a gente possa chegar no dia certo e dizer, claramente, o seguinte, a delação ela tem que ser provada", afirmou Lula.
Confira projeto: