A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) deve “blindar” o governo do Estado da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o suposto caso de uma "mulher da SES" que orientava um cartel de empresas com o intuito de fraudar contratos com a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (26), a presidente em exercício da Casa de Leis, deputada Janaina Riva (MDB), afirmou que não seria o momento instaurar uma CPI. “Na minha opinião não é o momento para a abertura da CPI. Já tem uma investigação em curso e é sigilosa. A própria secretária de Saúde tentou ter informações e não conseguiu. Acho que temos que esperar para identificar onde é o problema e quem são os envolvidos para depois tomar alguma providência. Se isso estiver ligado a algum cargo de confiança do governo, ai sim isso pode virar uma discussão aqui na Assembleia”, justificou.
O posicionamento ocorreu após divulgação, com exclusividade pelo Jornal A Gazeta, de que interceptações de mensagens pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) revelaram que uma "mulher da SES" orientava o grupo para vencer as licitações. O ex-secretário de Saúde, deputado Gilberto Figueiredo, também se posicionou contra uma apuração pela AL neste momento.
Segundo Janaina, existe um consenso entre os parlamentares de que a abertura de uma CPI poderia atrapalhar os trabalhos da intervenção do Estado na Saúde de Cuiabá.
“Na última reunião que nós fizemos aqui em Colégio de Líderes, quando se tocou nessa possibilidade no começo do ano, nós entendemos que pelo bem do Estado e pelo município de Cuiabá que está sob intervenção, isso não seria o melhor no momento”, acrescentou.
Oposição contesta
Por outro lado, parlamentares da bancada de oposição do Palácio Paiaguás defendem a investigação. Um deles é o deputado Valdir Barranco (PT), que argumentou que a intervenção não pode ser utilizada como argumento para “não investigar o Estado”.
“Fiscalizar o governador é a nossa função. Não podemos abrir mão dessa nossa obrigação. Acho que essa desculpa [da Janaina]não cola, parece até que é o Mauro Mendes que está dizendo. Nenhum de nós podemos atrapalhar o trabalho da intervenção e isso não pode ser motivo para não fiscalizarmos o Executivo Estadual”, defendeu.