Opinião

Ainda somos. Ainda…

Buenas que me achego, querida cronista, e vamos ao que interessa pois sei que, por mais humano que ande ultimamente, não posso ser o motivo do atraso da publicação regular dessas crônicas (In)finitas. Seria o fim da picada do Sem Fim que o único frequentador dessas páginas literalmente de outro planeta tenha uma atitude tão característica dos terráqueos: o famoso “deixar o outro na mão”. Destaco que é pelo raio de luar que invade sua cela que lamento a falta de tempo para burilar melhor essa cartinha.

Acontece que os fatos se atropelam e abalroam de uma forma alucinante por aqui. De uma passagem meteórica pela ArtRio, na Marina da Gloria, pra beber da fonte das artes contemporâneas naquela paisagem deslumbrante carioca, vindo das enchentes que assolaram o “Sul Maravilha” (como dizia a iludida Graúna de Henfil), pluctplacteei direto para New York. Aqui, líderes mundiais se reúnem na 78 Assembleia Geral da ONU, com o lema “Paz, Prosperidade, Progresso e Sustentabilidade”. Se quiser acompanhar e ter um choque de (i)realidade é só se ligar no canal da ONU.

Ao contrário dos últimos encontros mundiais, as agendas estão lotadas de reuniões e compromissos brasileiros referentes a temas prementes como a Guerra da Ucrânia, a divisão das riquezas e a erradicação da pobreza, o colapso climático, fontes renováveis de energia, a preservação da Amazônia. De novo é que é o Velho que recoloca o Brasil na foto das pautas essenciais da humanidade.  

Cronista, o planeta está estrilando! Emitindo sinais pra todos os lados que seu esgotamento. Nos continentes e oceanos há indicações desse exaurimento. As emergências climáticas pipocam com força e amplitude. Não precisamos ir longe, geográfica e temporalmente.

Essa semana acaba o inverno e começa a primavera. Depois do junho mais quente, o julho suplantando o mês anterior e um agosto campeão no quesito, a meteorologia alerta que por esses dias as temperaturas serão recordes aí no Brasil. Se no Sul anunciam mais uma “onda de chuvas”, a panela do Planalto Central chia de tão aquecida e irradia seu insuportável calor de mais de 40 graus para o restante do país. Sem o alívio ou pena de quem, apesar dos alertas, anda a devastar a Floresta e o Cerrado acabando com o corredor de nuvens que vem da Amazônia.

Pensa, cara cronista isolada voluntariamente do outro lado do túnel, na diferença de abordagem do Brasil nesses e outros temas perante os governantes globais. Não que adiante muito, já que falar é mais simples que fazer. Mas, convenhamos, já é um avanço.

Enquanto aqui na Terra o pau está quebrando pra todos os lados, num mundo cada vez mais radicalizado em larga ou pequena escala (agora, a República Dominicana fechou suas fronteiras com o Haiti), a exploração espacial avança tão rápida como a velocidade do som multiplicada pela da luz. A Rússia não conseguiu sucesso na sua missão espacial. Já a Índia chegou ao lado escuro da lua. Lembrei muito do dia em que tive o prazer de, por seu intermédio, ouvir “Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. Sabia que lançaram uma versão remasterizada para os 50 anos do grupo? Tão poético…

Também anunciaram a existência de um planeta “com sinais de vida”. O K2-18b é oito vezes maior que a Terra e está logo ali, a 120 anos luz daqui, na constelação, veja só, de Leão. Aliás, assim como quem não quer nada continuam aparecendo evidências de que extraterrestres circulam ou já estiveram no pedaço. Até corpos preservados foram apresentados na Câmara dos Deputados do México!

Cronista, vou parar por aqui. Sei que o assunto parlamentar aguça seu interesse. Mas, parodiando um hino da Portela, composição do saudoso Monarco (aprendi bem) “…se for falar da Câmara dos Deputados brasileira, hoje eu não vou terminar…” E olha que o assunto não envolve corpos de extraterrestres, mas múmias insepultas que assombram a vida política do país. As que tentam deixar o governo federal refém de suas já conhecidas e contumazes falcatruas, como o famigerado orçamento secreto e a distribuição desigual de cargos e ministérios para a aprovação das pautas de interesse popular.

Melhor deixar pra próxima missiva, porque tem assunto pra mais de metro…    

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM… delcueto.wordpress.com

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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