Os desembolsos de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agronegócio devem aumentar, podendo chegar a 20% do total da instituição até o ano que vem. Foi o que disse, nesta segunda-feira (7/8), o presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro.
“No ano que vem, o desembolso para o agronegócio como um todo é capaz de beirar os 20% dos R$ 85 bilhões a R$ 90 bilhões que nós pretendemos atingir de volume desembolsado. Quiçá, R$ 100 bilhões”, disse ele, em entrevista durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em São Paulo (SP).
Atualmente, segundo Rabello de Castro, a participação do agronegócio nos desembolsos do BNDES está em torno de 18%, o que considera compatível com a importância do setor. Na avaliação dele, a participação maior nos negócios do banco se deve à força e à competitividade do setor.
Em relação à aplicação dos recursos do Plano-Safra 2017/2018 neste início de calendário agrícola, o presidente do BNDES disse acreditar que está semelhante ao registrado nessa mesma época no ano passado.
Durante o congresso da Abag, Paulo Rabello de Castro participou de um painel de discussões sobre a reforma tributária. Usando a expressão manicômio tributário, o presidente do BNDES disse que o sistema de cobrança de impostos no Brasil deve ser refeito. E destacou que o Brasil é o único país onde a industrialização é tributada.
“O relatório a ser apresentado não vai ser perfeito, mas deve ser bom e será discutido com a sociedade. Se tudo for reduzido a dois tributos, já vai contribuir. É importante haver uma reforma que destrave o Brasil”, defendeu o presidente do BNDES, em entrevista coletiva.
Na conversa com os jornalistas, afirmou que um reforma tributária tende a beneficiar o setor do agronegócio de forma direta e, mais ainda, na forma indireta. Segundo ele, à medida que segmentos como logística sejam beneficiados com uma cobrança mais simples de impostos, a produção rural tende também a ter resultados positivos da reforma.
“Temos uma logística de terceira categoria e o processo tal como se apresenta prejudica o estabelecimento de novos projetos. Quando a gente vê tudo o que pode ser absorvido positivamente à medida que o sistema tributário simplifique, isso é quase uma revolução em si”, explicou.
JBS
Questionado sobre a situação da JBS, da qual o BNDES é sócio, Paulo Rabello de Castro reforçou sua defesa de uma “profissionalização” maior da administração da companhia. No entanto, evitou confirmar se o posicionamento do banco como acionista será a de defender a saída da família Batista do comando da empresa.
“Demandamos a absoluta profissionalização da gestão, o que não significa que o BNDES vai torcer o nariz para uma característica familiar. Às vezes, é muito bom ter uma família no controle”, disse Castro.
Ele disse apenas acreditar que a discussão sobre a participação dos Batista vai surgir de forma natural dentro do conselho de administração da JBS. E, fazendo um paralelo com o futebol, afirmou que, algumas vezes, “um bom jogador precisa, no mínimo, mudar de posição”.
Eldorado
O presidente do BNDES também avaliou de forma positiva a possibilidade de uma venda da Eldorado Brasil, empresa do Grupo J&F, holding que controla a JBS, para a Fibria. O banco de fomento também é acionista da companhia. Para Rabello de Castro, é preferível que o comando da Eldorado permaneça nas mãos de capital brasileiro.
“Vejo de forma muito positiva, assim como também a Suzano anda estudando. São dois campeões que se adquirirem a Eldorado vou ficar muito feliz porque os brasileiros não devem ficar tão felizes em haver tanta desnacionalização do capital brasileiro”, disse o presidente do BNDES.