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Afinal, quanto custa abastecer em Cuiabá?

 

Foto: Ahmada Jarrah / Circuito MT 

A crescente nos preços dos combustíveis, aliada à instabilidade desses insumos e à política de aumentos do governo federal, tem preocupado os consumidores e especialistas no assunto.

Depois do anuncio da Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A) em aumentar R$ 0,017 no preço do óleo diesel, as distribuidoras de combustíveis passaram a comprar o produto com aumento.

O reajuste pode até parecer pequeno, mas, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo), vai afetar o mercado de combustíveis, que já vem sofrendo os impactos de aumentos realizados no início do ano com a revisão dos impostos (Cide, PIS e Cofins), gerando aumento de R$ 0,22 sobre o litro da gasolina e R$ 0,15 sobre o diesel na refinaria. Em junho a Petrobras reajustou também em R$ 0,02 o óleo diesel e em R$ 0,01 a gasolina.

O economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso José Manuel Marta atribui o aumento nos valores dos combustíveis ao “represamento de preços” durante muito tempo e afirma que sofreremos um impacto muito forte e inevitável: “A solução, para o governo, seria atualizar os valores de uma só vez e causar a atual situação ou fazer isso aos poucos, mas de uma forma ou de outra era inevitável. Isso é um realismo”, disse ele, explicando que o intuito do represamento foi o de conter os impactos no consumidor, especialmente durante o período de campanha eleitoral. “Qualquer alteração vai impactar e alterar diretamente o consumo de mercadorias produzidas e comercializadas, transportes e logística em geral”, pontua o professor.

Segundo ele, o fato de Mato Grosso ser o maior consumidor de óleo diesel do Brasil o coloca na linha de frente dos impactos com as alterações nos valores dos combustíveis, tendo em vista que o diesel é um insumo que está relacionado a todas as etapas de produção, em especial as agrícolas. “Naturalmente há uma questão política por trás disso tudo. Estão tomando medidas que não são exatamente simpáticas, que podem ser boas ou ruins. Abriram o ‘saco de maldades’. É melhor fazer isso agora do que na época de eleição. Fizeram uma escolha simples: ou quebravam a Petrobras ou o consumidor”, pontua o professor, explicando que não havia mais como o governo segurar a situação.

Para o diretor-executivo do Sindipetróleo, Nelson Soares, a situação é uma caixinha de surpresas: “O governo não tem se comportado de acordo com o mercado mundial e está realizando uma política equivocada que está tirando o poder de compra do consumidor, aumentando tudo, não apenas o combustível, mas a conta de luz, IPTU, água; já o salário continua o mesmo”.

 Soares avalia que os reajustes afetam toda a cadeia econômica, dos preços dos produtos que chegam aos supermercados aos insumos utilizados pela agricultura, entre outros setores que são impactados. “Existe no setor de combustíveis a preocupação com a política de preços adotada pela Petrobras de realizar aumentos de pequenos percentuais. Sem divulgação prévia por parte da estatal, o sindicato sente a necessidade de informar o consumidor de que a responsabilidade pelo aumento é da política de preços do governo e não do posto revendedor”, explica. 

A realidade dos preços na capital

Como o que realmente importa para quem precisa abastecer seu veículo todos os dias é o preço final nas bombas de combustível dos postos, a reportagem do Circuito Mato Grosso visitou 27 postos da capital, dos quais 25 estão na Avenida Miguel Sutil, que cruza boa parte da cidade. Os outros dois ligam uma ponta a outra da perimetral.

Dez postos eram da bandeira BR (Petrobras). Para essas dez unidades, os preços do etanol variavam entre R$ 1,95 e 2,19, sendo seis unidades com valor de R$ 2,19; três unidades com valor de R$ 1,99 e uma unidade com valor de R$ 1,95.

Já o preço da gasolina nas referidas unidades variava entre R$ 3,39 (em nove unidades) e R$ 3,49 (uma unidade). O diesel aditivado nos postos BR teve variação entre R$ 3,09 e R$ 3,29, sendo que a maioria prevaleceu no maior valor.

No percurso da pesquisa havia três postos com bandeira Ipiranga. Nos dois, o valor do etanol era R$ 2,19; a gasolina custava R$ 3,49 e o diesel aditivado, R$ 3,29.

A bandeira Shell estava em seis postos onde a pesquisa foi realizada. Neles, o valor do etanol variava entre R$ 1,99 e R$ 2,19; a gasolina ia de R$ R$ 3,39 a R$ 3,49, prevalecendo o maior preço e o diesel aditivado tinha valor entre R$ 3,25 e R$ 3,29. Além desses postos, havia outros da bandeira Idaza, Petrus, Simarelli e alguns de bandeira branca.

Na bandeira não há vínculo que defina exclusividade com distribuidor algum, ou seja, o posto pode comprar combustíveis de qualquer distribuidora, de forma que a escolha pode se basear em preço ou qualidade. Como os postos de bandeira branca não exibem de forma ostensiva a marca do combustível (como nos bandeirados), eles são obrigados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) a exibir nas bombas o nome e/ou a marca do fornecedor do combustível.

A pesquisa de preços nos 27 postos foi realizada no dia 20 de julho. Dois dias depois eles mudaram e uma semana depois novamente, na maioria das unidades pesquisadas. Apesar da variação, a base e diferença – ou combinação – de preços, de acordo com postos e bandeiras é a mesma, tendo variações similares para postos com preços igualmente similares.

Como andam os preços nas capitais vizinhas?

Para fazer um pequeno comparativo com Cuiabá, foi realizada uma pesquisa no site Preço dos Combustíveis, onde há registros de preços de postos de combustíveis em todo o país, atualizados regularmente.

O site não pode ser considerado uma fonte oficial, mas serve de termômetro para as diferenças de preços.

Segundo o site, no dia 14 de julho o valor do etanol em Goiânia variava entre R$ 1,79 e 1,89; a gasolina custava R$3,09 por litro e o diesel variava entre R$ 2,79 e R$ 2,89. Foram pesquisados postos das bandeiras Ipiranga, Texaco e Shell.

Em Campo Grande, no dia 5 de julho, o menor preço do etanol era R$ 1,99, chegando a R$ 2,14, enquanto a gasolina estava a R$ 2,99 e o diesel variava entre R$ 2,79 e R$ 3,09. Foram pesquisados postos das bandeiras BR, Ipiranga e Texaco.

Já em Cuiabá, de acordo com o mesmo site, no dia 14 de julho, os preços do etanol variavam entre R$ 1,86 e R$ 1,99, a gasolina variava entre R$ R$3,21 e R$3,29 e o diesel custava entre R$ 2,99 e R$ 3,25, de acordo com postos das bandeiras BR e Ipiranga.

As pesquisas no site foram realizadas de acordo com informações mais atualizadas constantes no banco de dados e bandeiras disponíveis.

Confira a reportagem na integra 

Josiane Dalmagro

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