Pressionado por deputados do PSDB favoráveis à apresentação imediata de um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) conseguiu ganhar tempo até a semana que vem para discutir o assunto com os demais partidos da oposição.
Em um freio na decisão dos parlamentares de representarem contra a petista na Câmara, Aécio convenceu os tucanos a esperarem uma reunião, que terá a presença de líderes e presidentes de quatro partidos da oposição, para discutir o impeachment.
O encontro foi marcado para a próxima quarta-feira (6).
A bancada do PSDB da Câmara prometia apresentar o pedido até esta quarta (29), mesmo sem aguardar fatos novos ou pareceres jurídicos solicitados pelo partido. Após o apelo de Aécio, os deputados recuaram e prometeram esperar o encontro da semana que vem.
"A ideia é que o movimento seja único e mais forte. O nosso receio é que não se torne algo pedido apenas pela bancada", disse o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
Na reunião, PSDB, DEM, PPS e SDD pretendem definir conjuntamente se vão entrar oficialmente com o pedido de impedimento e quando isso deve acontecer.
"Com serenidade, vamos definir os passos que daremos a seguir. Não deixaremos impunes os crimes cometidos pelo atual governo. Mas definiremos as etapas que serão tomadas por nós", afirmou Aécio. "Os partidos de oposição farão isso de forma conjunta. Com a coragem necessária, mas com a responsabilidade devida".
CAUTELA
Dentro do PSDB, a bancada da Câmara pressiona a cúpula da sigla para agilizar o pedido de apresentação do impeachment de Dilma. Os senadores tucanos, porém, pedem cautela e defendem que o partido reúna mais elementos contra a presidente antes de fazerem o pedido.
O PSDB encomendou um parecer ao jurista Miguel Reale Júnior, que não tem prazo para entregá-lo. Porém, isso deve ocorrer simultaneamente com a decisão a ser tomada pelos partidos de oposição.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também se declarou contrário ao pedido neste momento, posição seguida por senadores como José Serra (PSDB-SP) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Aécio chegou a defender maior rapidez no pedido de impeachment, mas recuou depois que senadores manifestaram preocupação com uma eventual fragilidade jurídica no pedido de investigações.
IMPASSE
Na Câmara, o PPS é o partido com maior resistência à formalização do pedido de impeachment porque a sigla negocia sua fusão com o PSB, ex-aliado de Dilma. O PSB não se posicionou publicamente sobre o assunto e, apesar de se declarar "independente", tem membros afinados com o Palácio do Planalto.
Líder do PPS, Rubens Bueno (PR) reconheceu que a sigla age com maior cautela porque negocia a fusão.
Na contramão, o Solidariedade encabeça o movimento em favor da saída da presidente -o presidente do partido, Paulo Pereira da Silva (SP), quer é criar uma frente na Câmara em defesa do impeachment. Paulinho vai procurar outros partidos como PV, PSC e o próprio PSB para aderirem ao movimento.
Fonte: iG