Os dois tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos nesta quinta-feira (3), depois que ofereceram R$ 65 mil para que um oficial de justiça retardasse o cumprimento de mandado de constatação, expedido pela Vara Agrária de Cuiabá, em uma fazenda, no município de Vila Rica.
Segundo as investigações conduzidas pelo delegado João Biffe Junior, no dia 3 de junho de 2014 , por volta das 12h40, o oficial de justiça foi procurado pelo policial aposentado Marcos Cunha Souza, conhecido por "Cabo Cunha", por ordem do advogado Galeno Chaves, para adiar o cumprimento do mandado de constatação de posse na Fazenda Elagro, para que ganhassem tempo na negociação da compra da propriedade rural.
O delegado João Biffe informou que a proposta foi feita dentro do Fórum da comarca e novamente confirmada no dia 5 de junho. Desta vez pelo próprio advogado, que em outros dois momentos diferente procurou o oficial para que aceitasse a propina.
Conforme o delegado, a vantagem indevida ao funcionário público foi comprovada por meio de vídeo, que mostra claramente o advogado oferecendo o dinheiro. Nesta quinta-feira (03), a proposta foi aumentada para R$ 100 mil, agora para que a determinação judicial fosse cumprida na fazenda imediatamente, uma vez que todos os posseiros estavam na área e assim fosse constatada a posse da terra. "Ele tinha conseguido reunir todo mundo para mostrar a ocupação da área, o que é tudo uma farsa", disse Biffe.
Segundo as investigações, os posseiros da área são moradores de Vila Rica e de Confresa, e não residem na fazenda Elagro. A entrada da fazenda também era vigiada por pistoleiros armados e as estradas mantidas sobre vigilância constante de pessoas armadas com revólveres, pistolas e armas longas.
Para impedir o cumprimento da ordem judicial, os posseiros chegaram a queimar a ponte de acesso à propriedade, como forma de impedir a entrada do oficial de Justiça, e também a travessia do ônibus escolar pela localidade, chegando a ameaçar o motorista e alunos que estavam no veículo.
Um segundo inquérito policial, instaurado em 2013, apura crimes de falsidade ideológica e formação de quadrilha, os quais segundo os autos, no dia 8 de novembro passado, dezenas de supostos posseiros compareceram a audiência de justificação no Fórum local, na qualidade de requeridos da área.
A Justiça determinou investigação para apuração dos fatos e ficou constatado a "existência de uma organização criminosa, destinada a grilagem de terras na região".
Conforme a Polícia Civil, o esquema consiste em encontrar uma área, que pertence a vários herdeiros, preferencialmente com problemas na cadeia de matrículas e invadem a área. Depois dividem entre os membros do movimento, sob alegação de cumprimento da função social da propriedade. "Mas na verdade o objetivo é indenizar os invasores ou vender a área para um terceiro, que ao adquirir já negocia a indenização para saída dos invasores. São possuidores, que na verdade não permanecem na área", explicou o delegado.
Da Assessoria