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Advogado atua como assistente em Júri que condenou assassinos do pai; penas somam quase 34 anos de prisão

A Justiça Estadual condenou o casal Valdete Xavier de Faria e Luzirene Ribeiro Miranda a pouco mais de 16 anos e 7 meses reclusão, cada um, pelo assassinato de Geraldo Xavier de Faria. A vítima, que era prima de um dos réus, foi morta a tiros há cerca de 12 anos no município de Alto Boa Vista (1.059 km de Cuiabá) e o crime foi motivado por uma dívida de terra. O filho de Geraldo, que tinha 12 anos à época do crime e se tornou advogado, posteriormente, atuou como assistente de acusação ao lado do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) durante o plenário.

O Conselho de Sentença acolheu a tese apresentada pelo MPMT, reconhecendo que o crime foi cometido por motivo torpe e com o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Além da pena de reclusão, os réus também foram condenados ao pagamento das custas e despesas processuais. A ré, Luzirene Ribeiro Miranda, foi encaminhada à Penitenciária Feminina de Nova Xavantina.

Já o réu Valdete Xavier de Faria, atualmente foragido no exterior, teve mandado de prisão expedido e terá o nome incluído na lista de Difusão Vermelha da Interpol – um alerta internacional que notifica as autoridades policiais dos países-membros sobre a existência de mandados de prisão em aberto.

Conforme a denúncia da 2ª Promotoria de Justiça de São Félix do Araguaia, o crime aconteceu em março de 2013, na casa da vítima. Valdete e Luzirene, que eram parentes próximos da vítima, foram até o local para cobrar uma dívida. Após alguns minutos de conversa, Valdete sacou um revólver calibre 38 e atirou na coxa da vítima, atingindo a artéria femoral e provocando morte por hemorragia.

Durante a ação, Luzirene conteve o filho de Geraldo, então com 12 anos, impedindo que ele buscasse ajuda e facilitando a fuga dos dois.

Doze anos depois, o filho da vítima, que é advogado e foi testemunha do crime, Geraldo Xavier de Faria Júnior, abdicou de ser informante e atuou como assistente de acusação no plenário do Júri ao lado do Ministério Público e de outros dois advogados.

“Geraldo Xavier de Faria Júnior realizou o sonho do pai ao se formar em Direito e, de forma admirável, participou como assistente de acusação no júri. Sua atuação foi impecável, demonstrou serenidade, firmeza e uma impressionante capacidade de expressão. Foi um momento marcante e emocionante, especialmente por ter sido uma das primeiras vezes em que ele exerceu a profissão para a qual se preparou, justamente em busca de justiça pelo pai”, afirmou o promotor de Justiça substituto Thiago Matheus Tortelli.

Relembre

De acordo com a Polícia Civil, o crime aconteceu na residência de Geraldo, em um assentamento rural na cidade de Alto Boa Vista. O suspeito era primo e amigo íntimo da vítima, que preparou um churrasco em sua casa para receber o acusado e a esposa. Ao chegar ao local, os suspeitos se mostraram diferentes e iniciaram uma breve discussão. Em seguida efetuou um disparo de arma de fogo contra a vítima, que não teve oportunidade de defesa.

O disparo atravessou a coxa direita de Geraldo, que tentou fugir, mas caiu a aproximadamente 50 metros do local, morrendo poucos minutos depois. Durante a ação do marido, a esposa segurava o filho de 12 anos da vítima, para impedir que ele defendesse o pai. De acordo com as investigações da Polícia Civil, o crime foi motivado por dívidas que a vítima tinha com o casal, relativa a uma propriedade rural na reserva indígena Suiá Missú, desocupada no final de 2012.

A vítima teria intermediado a venda de uma propriedade rural do casal dentro da reserva indígena, mas com a desocupação da área, o comprador não pagou parte do valor acertado. Desde então o acusado estaria ameaçando o primo de morte, exigindo o pagamento do restante do valor acertado no negócio.

Com o conhecimento dos fatos, o delegado de Alto Boa Vista, Rogério da Silva Ferreira, traçou as possíveis rotas de fuga do casal e a distância que eles poderiam ter percorrido até o momento e acionou as polícias Civil e Militar das cidades vizinhas, passando dados dos suspeitos, como veículo utilizado, nomes e características físicas.

O casal foi preso na cidade de Ribeirão Cascalheira, em posse da arma utilizada no crime. Os acusados foram encaminhados a Delegacia de Alto Boa Vista e autuados em flagrante. Eles tiveram pedido de prisão preventiva representado pelo delegado Rogério da Silva Ferreira.

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