Foto: Valquíria Castil
Com Valquíria Castil
Atualizada às 18h30
Fábio Frigeri, ex-assessor do ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, também réu na Operação Rêmora, depôs mais uma vez no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na tarde desta segunda-feira (30). A defesa está confiante de que extratos da movimentação bancária do engenheiro Ricardo Sguarezzi atestem sua inocência.
A advogada Michele Marie informou que Frigeri foi ouvido por dois promotores do MP, sendo um do Gaeco e outro do Naco, porque o inquérito envolver nomes com foro privilegiado. Ela negou questionamentos sobre possíveis envolvidos com foro privilegiado, mas relatou que as informações serão encaminhadas ao procedimento do Naco.
Michele disse que Frigeri esclareceu assuntos acerca do depoimento do empresário Ricardo Sguarezzi referentes ao recebimento de cheques no valor de R$236 mil. Segundo ela, foi feito um pedido ao Banco do Brasil um histórico dos registros bancários do engenheiro. A advogada acredita que este documento "acabaria com as acusações infundadas" a respeito de seu cliente.
A participação de Fábio Frigeri na organização criminosa, de acordo com o MPE, ocorria por meio do "núcleo de agentes públicos" do esquema. Além deste, havia o "núcleo de operação" e o "núcleo de empresários".
Integravam o núcleo de operação Giovanni Bellato Guizzardi, Luiz Fernando da Costa Rondon e Leonardo Guimarães Rodrigues. São eles os mandatários dos servidores públicos e os encarregados de fazer os contatos diretos com os empresários que faziam parte do terceiro núcleo.
Entre os empresários do ramo da construção civil envolvidos no esquema destaca-se o ex-deputado estadual e governador de Mato Grosso, Moisés Feltrin que foi detido durante a Operação Rêmora. Feltrin é empresário do setor de construção e por determinação judicial seria conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos, mas como em sua casa foram encontradas armas de fogo, o mesmo foi detido em flagrante.
No total, o núcleo de empresários possuia 23 membros e pelo o menos 20 obras foram fraudadas durante a ação do cartel. O esquema de propina envolvia pagamentos de percentuais em obras que variavam entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões. Segundo o Gaeco, as fraudes investigadas na operação ocorreram em 23 licitações de obras de construção e reforma de escolas públicas em diversas cidades do Estado, orçadas em R$ 56 milhões.
Depoimento anterior
Fábio Frigeri declarou, no depoimento de dezembro passado, que não tinha informações privilegiadas na Seduc e que todo servidor podia ter acesso a lista de obras apreendida pelo Gaeco, inclusive diretores, presidentes de bairro e presidentes do conselho escolar,
“Todos os servidores tinham acesso às listas de obras, ora apreendidas, vez que se encontravam na Rede Lógica da Seduc, que era acessada por qualquer servidor público da Seduc. Que as obras que estavam a acontecer ficavam também afixadas no mural no setor de projetos e poderia ser visualizada por qualquer pessoa que lá tivesse acesso”, afirmou.
A juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, determinou a soltura Fábio Frigeri no dia 19 de dezembro. Ele cumpriu prisão preventiva no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde 03 de maio.