As adolescentes Lana Talyssa Moreira Bezerra, 13, e Keize Rodrigues, 16, encontradas mortas na manhã de quarta-feira (03), às margens do Rio Cuiabá, no bairro Carrapicho em Várzea Grande (Região metropolitana de Cuiabá-MT), já estavam sendo ameaçadas de morte na cidade de Tangará da Serra (242 km de Cuiabá) de acordo com áudio que circula nas redes sociais.
No áudio, uma pessoa não identificada que diz ser parente de Keize, alega que a adolescente estaria denunciando e entregando as ações de membros do Comando Vermelho (CV-MT) no município de Tangará da Serra. A partir deste momento, a adolescente e sua família passou a ser ameaçada de morte.
Já Lana também estava sendo ameaçada, por pertencer ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e já era conhecida na cidade por praticar atos infracionais. As adolescentes mudaram para Várzea Grande para tentar fugir dos criminosos que buscavam assassina-las.
Já os quatro homens baleados em uma residência no Centro de Várzea Grande, também seriam de Tangará da Serra, e os dois sobreviventes afirmaram a Polícia Civil que pertenceriam a facção PCC.
As vítimas Vitor Santana Santos, 23, e Júnior da Silva Pereira, 31, foram ouvidos pela delegada Elaine Fernandes, e confirmaram que pertencem a facção rival do Comando Vermelho (CV-MT), que é a maior do estado.

Nas redes sociais, Lana postava o lema do PCC “paz, Justiça e Liberdade” que também foi adotado pelo Comando Vermelho que chegou a ser aliado da facção paulista, mas rompeu a união.
Lana, além do slogan da facção postou na descrição do seu perfil “td 3 passa nada 15 33”. Tudo 3’ é um código que surgiu no sistema prisional e que faz referência à facção Caveira, representada também pelo 1533, sendo o 15 representa o P, pois é a 15ª letra do alfabeto e o 33 é a letra C duas vezes, ou seja, PCC.
Os rivais do PCC, são os membros do CV-MT, que tem o maior número de filiados no estado, e pregam a sigla “tudo dois”, onde o 2 representa o V que é feito com dois dedos. Thalyson Thiago Taborda Oliveira, 23, que foi por ter participado na tentativa de chacina, assumiu ser membro do CV-MT, e que a ordem para matar as adolescentes e os quatro homens foi ordenada do presídio.
A motivação segundo Thalyson seria que o bando que fugiu para grande Cuiabá, teria praticado uma tentativa de homicídio em Tangará da Serra, contra um membro do CV-MT. A Polícia Civil continua as investigações para elucidar essa guerra entre as facções que ganhou destaque no estado.
O PCC ainda não possui grande influência no estado de Mato Grosso, porém a disputa pelo tráfico de drogas, e Mato Grosso ser uma rota do tráfico devido a grande área de fronteira seca, está fazendo com que essa guerra entre as facções ganhe outras proporções.
Conforme já noticiado pelo Circuito Mato Grosso em março deste ano, o CV-MT é a maior facção no estado e a instalação da facção foi no ano de 2013, quando o então ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) Sandro Louco conheceu Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, na Penitenciária Federal do Rio Grande do Norte. Ao ser recambiado novamente a Mato Grosso, ele implantou a facção dentro da PCE.
Em questão de tempo, a facção foi crescendo e tomando conta das unidades prisionais de Mato Grosso. O CV, visando à expansão da facção criminosa, estabeleceu duas principais ações iniciais importantes. A primeira foi a criação de um “conselho”, denominado “conselho do estado” ou “conselho final”, composto por reeducandos do mais alto nível de conhecimento sobre as regras do estatuto. Na estrutura do “conselho final” há os cargos de presidente, vice-presidente, porta-voz e tesoureiro.
A segunda ação, tida como crucial para o desenvolvimento da facção, foi fixar autonomia em relação ao Comando Vermelho do Rio de Janeiro, não tendo que prestar contas das atividades e nem efetuar pagamentos mensais. No entanto, existe uma aliança entre as duas facções. A facção mantém controle sobre seus membros e os atualiza quanto às decisões tomadas pelo comando e faz cumprir à risca o estatuto da facção.

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