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Adolescentes dizem que são agredidos com ”mata leão” em clínica de VG

Foto Reprodução/ Clínica Liberdade

Em áudio gravado durante tumulto na noite desta segunda-feira (24) na clínica de reabilitação Liberdade, localizada no Capão do Pequi, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá (MT), adolescentes internados para tratamento de dependência química reclamam que estariam sendo vítimas de maus tratos. Conselheiros tutelares do município de Denise (208 km de Cuiabá) estiveram no local para retirar um dos internos e em seguida registrou boletim de ocorrência da Delegacia Central.

Ouça os menores reclamando:

Na manhã desta terça-feira (25), os conselheiros tutelares de Várzea Grande e a Polícia Civil deverá fazer uma visita à Casa, para averiguar a situação dos outros adolescentes. O local abriga 14 menores dependentes químicos. Os três conselheiros teriam sido ameaçados pelos donos da casa, além de serem acusados de estarem tentando denegrir a imagem do estabelecimento.  

Na noite de ontem, a conselheira tutelar de Denise, Lucimar Borba dos Santos, foi à clínica para buscar o menor L. F. B. S., quando chegou ao local para levar o jovem, os outros adolescentes se desesperaram, iniciando uma gritaria, também querendo sair do local.  Os conselheiros gravaram as reclamações. “Aqui é particular meu tratamento, só que eles manipulam a família. Ficam agredindo a gente aqui dentro, olha aqui, tem sangue na minha camisa do último gogo figth [mata leão] que eu levei aqui dentro de cinco monitores,” relatou um jovem.

Outro menor afirmou que foi amarrado por três monitores, apenas de cueca. “Sou mais um adicto, eu estou desde 20 de janeiro aqui, sofrendo agressão, sendo humilhado. Da última vez que me pegaram me deram murro na cara, chute no estomago e ainda subiu em cima de mim e começou me enforcar. Eles conseguiram quebrar meus óculos na pancada, pisaram na minha cabeça, me deram um chute na cara que quebrou meus óculos e até hoje não me devolveram o óculos.”, relatou o menor.

Segundo a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca/MT), Annelyse Cândido, foi encaminhado um ofício para a Promotoria de Barra do Bugres, que cuidará do caso específico do menor L. F. B. S., para a Promotoria Várzea Grande, Conselho Tutelar de Denise e de Várzea Grande para que acompanhe o caso. Outros menores continuam internados no local.

Ainda de acordo com Annelyse, a Polícia Civil está acompanhando o caso e que denúncias envolvendo clínicas de reabilitação têm sido cada vez mais frequentes. “A gente vai ter que fazer uma discussão, não dá para a gente atuar apenas na esfera da repressão e da reação. Temos que trabalhar a causa, estamos conversando internamente no sentido de ter que fazer um grupo de trabalho de saúde mental com a Assistência Social e Tribunal de Justiça.”, disse Annelyse.

Em 2014, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso (OAB/MT), denunciou a Clínica Liberdade ao Ministério Público por maus tratos e más condições da Casa. Segundo a presidente da Comissão, Betsey Miranda, o Ministério Publico corrigiu os problemas que deveriam ser corrigidos  e a casa continuou a funcionar, mas como não existe uma fiscalização frequente, “as pessoas vão sempre relaxando e pelo jeito, houve um relaxamento total ao ponto de ter esse problema sério,”  disse a advogada Betsey.

Ainda de acordo com Betsey Miranda, as casas de recuperação são niveladas por baixo e que não existe nenhuma casa realmente boa. “Eu já pedi o fechamento de duas masculinas, nós fotografamos todas de Várzea Grande. Muita das vezes, a pessoa que cuida dos dependentes não tem condição de cuidar nem de si mesma. Algumas podem se dizer que são regulares, mas é o mínimo de regular.”, explicou. 

Outro lado

A responsável pela Clínica Liberdade Master, que preferiu não se identificar, disse que não existe nenhum problema na casa e que os conselheiros estariam mentindo, com o objetivo de denegrir a imagem do estabelecimento. 

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Felipe Leonel

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