Opinião

ADA GAMBAROTTO

Terra Brasilis, nascida em maio de 2012, chegou com vontade de divulgar os modos de pensar, agir e querer dos povos indígenas. Em seus propósitos também está o de aclamar pessoas não índias que, em seus universos, contribuíram ou contribuem de forma ímpar ao reconhecimento dos direitos constitucionais dos povos indígenas. Dentre as mulheres homenageadas estão Tarsila do Amaral, Djanira,  Conceição dos Bugres, Vitória Basaia, Berta Ribeiro, Virgínia Valadão. A edição de hoje dirige seu coração à Ada Gambarotto.

Irmã Ada, como é conhecida, é uma religiosa salesiana que chegou ao Brasil em 1958, ao deixar sua terra natal, Pádua, na Itália. No ano de 1969, em Mato Grosso, passou a trabalhar para os povos indígenas. É ela quem diz: “minha missão por muitos anos está entre os povos indígenas da América Latina. Em 1983, os bispos do Brasil, preocupados com a grande mortalidade materna e infantil, deram início a uma pastoral específica para estancar esse flagelo. Apenas em 2002, esta pastoral é estendida a índios em Mato Grosso, com mais de trinta grupos étnicos diferentes. O trabalho realizado ao longo dos anos tem produzido bons resultados e a mortalidade tem sido significativamente diminuída”. 

Ada Gambarotto foi personagem na etnohistória contemporânea Guató. Em 1976, em Corumbá, em uma feira de comercialização de artefatos indígenas, a religiosa observou uma cestaria diferente daquelas que conhecia. Andou em busca da artesã, pois as tramas do cesto-cargueiro de palhas de acuri lhes diziam algo mais; forneciam indícios à sensibilidade da salesiana. E o encontro com a artesã foi revelador…

A artesã, uma índia Guató, interpretou à salesiana o que diziam as tramas do cesto formado por fios da seda do acuri, levando-a ao seu povo que havia sido decretado oficialmente extinto na década de 1960. “Tem Guató aí. Tem Guató lá. Tem em todo Pantanal! E devagarzinho, fomos ajuntando as peças de um grande mosaico que se julgava destruído”, proclamou Ada Gambarotto em “500 Almas”, documentário poético do cineasta carioca Joel Pizzini (2004).

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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