Dois médicos, quatro servidores e três usuários do Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (MT) serão interrogados nesta terça-feira (27) em uma audiência de instrução pela juíza Selma Rosane Arruda da 7ª Vara Criminal. O processo se refere a um suposto esquema de cobrança de propina para realização de cirurgias no pronto-socorro de Cuiabá. Além dos denunciados, serão ouvidas também seis testemunhas.
Segundo o Ministério Público do Estado (MPE), os funcionários públicos cobravam de R$ 300 a R$ 1,5 mil para agilizar as cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A denúncia foi feita em 2011, mas o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizava as investigações desde 2009, a partir das denúncias de usuários do SUS que esperavam há anos por uma cirurgia.
Nas investigações foi constatada que não havia controle nenhum dos procedimentos. Segundo o MPE, a prioridade era dada àqueles que pagavam propina aos servidores e que variava entre R$ 300 e R$ 1,5. Caso o paciente aceitasse pagar pelo procedimento cirúrgico, o médico mudava a ordem da fila de espera por cirurgia no pronto-socorro. O dinheiro era repartido entre os profissionais envolvidos no esquema. Outra parte do esquema, identificada pelo Gaeco, consistia em propor aos usuários do SUS que pagassem por cirurgias em hospital particular.
Atualmente o processo corre em segredo de justiça. Porém de acordo com o Ministério Público os envolvidos devem responder pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato e falsificação de documentos.
Na ação são denunciados os médico ortopedista Marcos Benedito Gabriel e o médico Murilo de Sant'ana Barros, os técnico em ortopedia, Josué Pinto da Silva e Dioge Farias Sodré, o gesseiro Wlamir Benedito Soares, o instrumentador cirúrgico Jairo Calamir da Cruz, e os pacientes José Geraldo Oliveira, Alex Willian Xavier da Silva e Rosangela Aparecida do Espírito Santo.