A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (27) o inquérito que apurou os assassinatos das vítimas Thays Machado e Willian César Moreno, ocorridos há nove dias, em Cuiabá, e indiciou o autor, Carlos Alberto Gomes Bezerra, por homicídio qualificado e perseguição majorada.
Pela morte de Thays, Carlinhos, como era conhecido, responderá pela qualificadora de feminicídio.
O delegado responsável pela investigação, Marcel Oliveira, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá, encaminhou o inquérito ao Poder Judiciário e Ministério Público Estadual para a sequência dos atos de persecução penal.
Thays e seu namorado, Willian, foram mortos na tarde do dia 18 de janeiro, na frente de um prédio residencial, no bairro Alvorada, na Capital, pelo ex-namorado da vítima, que atirou seis vezes contra o casal, atingindo cada vítima com três disparos fatais. O casal morreu na calçada do prédio, a poucos metros um do outro.
Carlinhos foi preso em flagrante, horas depois do crime, em uma fazenda na região do município de Campo Verde. Com ele foi apreendida a arma usada nos homicídios.
A prisão foi convertida em preventiva e Carlinhos se encontra na Penitenciária Central do Estado (PCE), numa cela especial por possuir curso superior.
Perseguição
A investigação apontou que Carlinhos perseguia Thays insistentemente e no dia do crime, no meio da madrugada, ele seguiu a vítima depois que ela saiu do Aeroporto Marechal Rondon, onde foi buscar Willian.
Era 3h55 da madrugada de 18 de janeiro, quando Thays fez contato com o Ciosp pelo número 190 e relatou, em desespero, que estava na Avenida Tenente-Coronel Duarte (Prainha) quando foi seguida pelo autor dos homicídios. Ela contou ainda que ele costumava andar armado. A vítima recebeu orientação para procurar a Delegacia da Mulher e foi solicitado que entrasse em contato caso fosse necessário.
Na tarde do mesmo dia, Thays e seu atual namorado foram mortos na calçada do edifício Solar Monet, onde mora a mãe da vítima. Ela tinha ido ao local para deixar o carro da mãe na garagem e, ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, foram surpreendidos pelo indiciado, que conduzia um Renault Kwid, e fez os disparos contra Thays e Willian.
A investigação da DHPP apurou que no início do ano, Thays recebeu diversas mensagens no celular do autor dos homicídios, que se mostrava inconformado com o fim do relacionamento, agindo com grosseria e perseguição contra a vítima na tentativa de reatar a relação.
Depoimentos colhidos pelo delegado Marcel Oliveira demonstram que, mesmo após terminar o relacionamento de dois anos que teve com o indiciado, Thays dizia que achava que estava sendo seguida, o que foi comprovado com o ato na madrugada do dia 18 de janeiro. Ela havia relatado ainda ao irmão que durante o relacionamento, o criminoso sempre se mostrou uma pessoa ciumenta e possessiva.
Com todo o material probatório reunido no inquérito, o delegado apontou que as vítimas não esperavam esse tipo de retaliação, pelo novo relacionamento que estava sendo construído.
“Mas, a motivação do crime está relacionada ao sentimento de posse e vingança pelo fato da vítima Thays estar no novo relacionamento, fato que não era admitido pelo homicida e feminicida”, destacou o delegado Marcel Oliveira.
O indicado responderá pelo homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.