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Acusado de matar a ex na UnB diz que ‘perdeu a cabeça’

Foto: reprodução

Por G1

Preso em flagrante há mais de 12 meses e acusado de matar a ex-namorada Louise Ribeiro na Universidade de Brasília (UnB), o ex-estudante de biologia Vinicius Neres negou nesta segunda-feira (3) que tenha cometido o crime de modo premeditado. Réu confesso, ele diz que "acabou perdendo a cabeça" ao conversar com a vítima.

"Eu gostava dela muitíssimo. Eu a amava muito. […] Ela foi muito fria, agiu com bastante indiferença. Agiu com desdém até e eu acabei perdendo a cabeça", afirmou.

O julgamento de Neres por homicídio quadruplamente qualificado começou na manhã desta segunda. Ele foi preso em flagrante, em março de 2016, acusado de asfixiar e queimar o corpo da universitária. Desde então, o jovem cumpre prisão preventiva no Complexo Penitenciário da Papuda.

Durante o interrogatório feito pelo juiz, o ex-aluno da UnB negou que o crime tenha sido premeditado. Sereno durante todo o depoimento, o réu não chorou nenhuma vez. Ele disse que sempre teve uma relação muito forte com Louise, e que nunca havia pensando em matá-la.

Além do próprio réu, foram convocadas quatro testemunhas comuns — um policial, uma estudante e uma professora da UnB e o pai de Louise — e duas testemunhas de defesa — o pai de Neres e um agente penitenciário. Os depoimentos começaram pela manhã [veja detalhes].

Em conversa com jornalistas no intervalo da sessão, o pai de Louise, Ronald Ribeiro, disse enxergar uma tentativa da defesa de Neres de tentar "iludir o júri". Até as 17h, os membros do júri popular ainda ouviam os argumentos da acusação e da defesa.

Último encontro
Durante o julgamento, conversas entre Louise e Neres em um aplicativo de mensagens foram apresentadas ao juiz. Nos textos, o acusado tenta, por diversas vezes, marcar um encontro com a jovem. Segundo Neres, o objetivo era entender o término do relacionamento entre os dois, "que nunca ficou bem explicado".

"Eu tentei esse contato pra devolver tudo, mas ela sempre ficava me evitando. Ela ignorava minhas mensagens, sempre inventava uma desculpa."

Após muita insistência, o encontro foi marcado em um laboratório da UnB, à noite. Ao juiz, Vinícius Neres disse que escolheu aquele local por ser "um ambiente reservado", e porque queria "privacidade" com Louise.

Em junho, o estudante já tinha prestado depoimento à Justiça em uma audiência preliminar do caso. Na época, ele afirmou que reservou o espaço com uma semana de antecedência, sob a desculpa de que faria um experimento fotográfico.

Depoimentos
Uma estudante de biologia da UnB, com quem Neres participava de um projeto de pesquisa, afirmou que ele pediu para que ninguém entrasse na sala no período da tarde porque “ia vedar as janelas com papel para um experimento fotossensível [que não pode ser exposto à luz]”.

Como participavam do projeto, os dois tinham as chaves do laboratório. Durante o depoimento, ela leu a mensagem que Neres enviou quando fez o pedido. No dia seguinte, segundo a estudante, Neres “estava bem nervoso”.

“Ele me disse que estava preocupado com a Louise porque tinha combinado de se encontrar com ela na noite anterior e ela não tinha aparecido.”

A professora da UnB Carla Medeiros, que coordenava o projeto de pesquisa do qual Neres participava, afirmou em depoimento que autorizou a utilização da sala depois de oito meses de convivência com o ex-estudante em atividades do projeto.

“Ele era um biólogo em formação e nós trabalhamos com experimentação. Eu autorizei e pedi que ele avisasse os colegas da pesquisa. Já trabalhei com fotografia, eu entendia o que ele estava me pedindo.”

Relembre o caso
De acordo com a investigação, Louise foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, o produto químico foi injetado na boca da jovem. O produto tóxico foi apontado como causa da morte. De acordo com o policial militar a quem Neres confessou o crime, ele “pressionou os maxilares de Louise e injetou meio litro de clorofórmio na garganta dela”.

A estudante também teve as coxas, genitália e o rosto queimados. “Essas partes e o rosto estavam carbonizados quando encontramos o corpo”, disse o policial.
Em depoimento, Neres afirmou ter colocado a vítima sentada com as mãos amarradas. Segundo a polícia, Neres pressionou o pescoço de Louise para que pudesse abrir a garganta da estudante que assim foi obrigada a ingerir o líquido.

Segundo a investigação, Vinícius Neres prendeu os pés e as mãos da ex-namorada e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Depois, levou o corpo no carro da jovem até uma área de cerrado no Setor de Clubes Norte, e abandonou o cadáver na mata.

Segundo o policial a quem Neres confessou o crime, Daniel Vilar Silva, um dia após o assassinato, o próprio estudante levou a equipe da Polícia Militar ao local onde ele havia deixado o corpo de Louise. “Ela estava parcialmente despida, só de calcinha e com o rosto queimado coberto por uma sacola plástica”, disse em testemunha durante juri popular.

As roupas de Louise não foram encontradas. O policial disse ainda que o corpo da jovem foi encontrado com um arame nas pernas e um lacre de plástico nas mãos.

Depois do crime, Neres ainda teria saído para dar uma volta no carro dela pelas proximidades da UnB. O passeio teria durado cerca de 12 minutos. O ex-estudante disse à polícia que chegou a tirar a calcinha da vítima e um absorvente interno, mas "decidiu" não violentá-la.

O carro de Louise foi abandonado no estacionamento do Instituto de Biologia e Neres voltou para casa de ônibus, segundo informações dadas por ele mesmo em depoimento à Polícia Civil.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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