Polícia chegou a divulgar à imprensa fotos das três mulheres acusadas de matar o motorista em 2014; naquela ocasião, elas eram procuradas pelo crime (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
As três mulheres acusadas de matar, esquartejar e espalhar as partes do corpo de um motorista de ônibus em São Paulo, em março de 2014, serão julgadas no começo do ano que vem pelos crimes. O julgamento delas está previsto para as 13h do dia 27 de janeiro de 2016 no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital. O plenário foi reservado por três dias. As informações foram confirmadas pelo G1 no site do Tribunal de Justiça (TJ).
As prostitutas Marlene Gomes, de 57 anos, e Francisca Aurilene Correia da Silva, de 35, e a vendedora Marcia Maria de Oliveira, 33, respondem presas pelo assassinato de Alvaro Pedroso, 55. Elas estão detidas preventivamente na Penitenciária Feminina de Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
O cadáver do motorista foi cortado em 20 pedaços, que foram ensacados e espalhados na região do Cemitério da Consolação, em Higienópolis, e na Praça da Sé, ambos no Centro da capital. Câmeras de segurança gravaram as rés dispensando os pacotes.
Segundo o Ministério Público (MP), Marlene premeditou a morte de Alvaro, que era seu cliente e amante. De acordo com a acusação, o motorista queria terminar o relacionamento com a prostituta e parar de dar dinheiro para ela.
Na denúncia, o promotor Tomás Busnardo Ramadan escreveu que isso incomodou a garota de programa, que não aceitava ficar sem o dinheiro de Alvaro. Então, para se vingar, ela decidiu matá-lo.
De acordo com a Promotoria, Marlene combinou o assassinato com Marcia e Francisca. Atraiu Alvaro para o prédio onde trabalhava, o embriagou e depois as três golpearam a cabeça do motorista com um machado.
Para o promotor, as três mulheres participaram do assassinato, esquartejamento e ocultação do corpo da vítima, inclusive arrancando os dedos para dificultar a identificação pelas digitais. O MP informou que elas teriam usado uma serra para separar o cadáver. Caso sejam condenadas, a pena de cada uma delas pode chegar a 30 anos de prisão.
Acusadas
Em junho deste ano, em entrevista exclusiva ao G1, Marlene disse que o crime não foi planejado e matou Alvaro sozinha porque ele a agredia e ameaçava matá-la.
"Foi uma fatalidade que aconteceu, uma coisa que não foi premeditada. Nem em um minuto na vida eu pensei em matar, nem nada”, declarou Marlene na ocasião.
Segundo a prostituta, entre a noite do dia 22 e a madrugada do dia 23 de março do ano passado, após se embriagarem, o motorista a agrediu mais uma vez após uma transa num prostíbulo na Rua dos Andradas, Centro da capital.
Marlene afirmou que queria se defender de Alvaro e o empurrou, mas ele caiu, bateu o rosto no vaso sanitário do banheiro e perdeu a consciência.
Ela falou que ganhava R$ 70 pelos programas sexuais, mas que se recusasse a fazê-los ou denunciasse as agressões à polícia, o motorista tinha dito que a mataria juntamente com sua filha e o genro dela.
Segundo Marlene, ela foi à cozinha, onde pegou um martelo e passou a golpear a cabeça do motorista, que estava caído. A prostituta alegou estar movida por vingança disposta a por fim ao sofrimento dela. Contou que usou a faca que Alvaro levava na cintura para esquartejá-lo.
O laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC), apontou que Alvaro morreu em decorrência de traumatismo craniano causado pelas pancadas que recebeu na cabeça. Um martelo com sangue foi apreendido.
O documento mostra que o esquartejamento ocorreu após a morte do motorista. Para a perícia foi usada uma serra. Marlene disse que levou seis horas para cortar o cadáver. Peritos concluíram que o corpo do motorista foi segmentado da seguinte maneira: cabeça, tronco, pele, pênis, duas coxas, duas pernas, dois braços e dez dedos das mãos.
Se dizendo desesperada pelo que fez, a prostituta falou que decidiu pedir para Marcia, a "Sheila", e Francisca, a "Thais", a ajudarem a se livrar do corpo para que o prédio onde trabalhavam não tivesse problemas com a polícia. As três se conheciam porque trabalhavam no mesmo local.
Cabeça é achada dentro de saco na Praça da Sé, em São Paulo (Foto: Adriano Lima/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Os advogados Aryldo de Oliveira de Paula, Márcio Modesto e outros seis advogados vão defender as três mulheres acusadas pelo assassinato do motorista Alvaro. “As três não devem ser responsabilizadas pelo homicídio, mas sim pela subtração, destruição e ocultação de cadáver", disse Aryldo na quarta-feira.
"Marlene não teve a intenção de matar o motorista, ela apenas reagiu a uma agressão dele. E Márcia e Francisca não o mataram", afirmou o advogado. Pelos cálculos da defesa, se forem condenadas por esses crimes, cada uma poderia ficar até três anos presa.
Neste ano, a viúva e a filha do motorista, falaram ao G1 que Alvaro era nervoso, mas não a ponto de agredir ou ameaçar alguém. Também disseram que desconfiam que a morte dele foi planejada.
Fonte: G1