A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, afirmou ser “descabida” a notícia-crime protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
No documento, a instituição coloca sob suspeita as interceptações telefônicas realizadas no âmbito da Operação Ouro de Tolo (2ª fase da Operação Arqueiro), em 2015, em que, além da investigada, a ex-primeira dama Roseli Barbosa, também foram grampeados o seu marido, ex-governador Silval Barbosa (PMDB), e os três filhos do casal.
A magistrada explicou que é possível que em um dos números repassados pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) para a interceptação, possa ser o número do ex-governador. Contudo, diz que é usual esse tipo de ação.
“Essa suspeita da OAB é absolutamente descabida. O que ocorreu na ocasião é que o Gaeco me solicitou a interceptação de terminais telefônicos, que foi apontado como de uso da senhora Roseli Barbosa. […] Ocorre que um deles era de uso do marido, Silval Barbosa, e isso é o que tem causado estranheza por parte da OAB que resolveu apelidar como ‘barriga de aluguel’”, disse a juíza em entrevista a Rádio Capital FM.
Foram entre quatro e cinco números telefônicos grampeados em nome da ex-primeira dama. Acusada de ser uma das líderes do esquema de desvios de recursos da Secretária da Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) em que era gestora.
“Dificilmente, quem está cometendo algum delito, se utiliza do próprio número telefônico quando quer falar sobre coisas que não quer que sejam descobertas. E em segundo lugar, hoje em dia temos telefones com até quatro chips. Então, também não causa nenhuma estranheza, eu deferi uma interceptação telefônica de uma pessoa com quatro ou cinco números telefônicos”, esclarece Selma Arruda.
No âmbito da Operação Arqueiro, a qual a juíza era a responsável, ela afirmou que não deve existiu “barriga aluguel”, em que nomes de pessoas não envolvidas com a investigação são juntados à lista com nomes de suspeitos.
“Não existiu barriga de aluguel, e se existiu, tenho certeza que não foi proposital pelo Ministério Público, ou seja, não havia interesse de se ouvir terceiras pessoas. Havia o interesse de se ouvir o que ela poderia dizer, se utilizando de aparelhos de outras pessoas”, explica.
Selma, ainda, não acredita que possam ter agido de má fé para grampear ilegalmente o ex-governador e seus filhos. “Eu confio no trabalho do Gaeco, e não acredito que nesse caso eu tenha sido induzido ao erro. Diferentemente do que eu acho que aconteceu naquele caso, que acabou se tornando público, que envolve a Operação Fortis. Naquele caso, sim, foram colocados nomes diferentes, fictícios, a história contada foi completamente diferente”, ressaltou a magistrada.
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