O ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, réu na ação penal referente a 4ª fase da Operação Sodoma, confessou ter recebido R$ 607,5 mil de propina.
“Não nego ter recebido esse valor. Foi ruim, pois não precisava disso”, declarou.
A confissão foi dada à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, interroga, na tarde desta quinta-feira (27).
O valor recebido por Arnaldo é oriundo do esquema que teria desviado R$ 15,8 milhões, por meio de fraude na desapropriação de uma área de 55 hectares no Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, em 2014.
Arnaldo é acusado de ter sido o responsável por providenciar os ajustes orçamentários para a desapropriação da área. O ex-secretário teria assinado decretos juntos com o ex-governador Silval Barbosa e ao ex-secretário de Estado Pedro Nadaf.
Ele também teria atuado na entrega de parte do dinheiro movimentado no esquema para o empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, assim como para Nadaf.
Arnaldo, que chegou a ficar preso por quatro meses, por, supostamente, ter recebido pela sua participação no esquema.
Atualizada às 14h30min.
Emocionado, o ex-secretário negou que tenha participado da organização criminosa. Arnaldo afirma que seu trabalho, ao providenciar os ajustes orçamentários, foi técnico. "Nunca participei de nenhuma organização e para mim é desagradável ver circulando notícias como essas na imprensa".
"Às vezes as pessoas se assustam com o valor, mas têm varias outras suplementações com valores maiores. A suplementação foi feita dentro daquilo que a lei manda, portanto, não houve nenhuma ilegalidade no procedimento", garantiu.
Atualizada às 14h41min.
Arnaldo declarou que após a suplementação e desapropriação terem sido realizadas, o ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, comunicou que haveria um retorno do valor total da tramitação. Tal valor, seria para pagar dívidas de campanha.
"Ele [Nadaf] disse que estava pagando uma desapropriação que iria pagar umas contas do Governo. Eu nem sabia que ele fazia essas coisas. Ele disse que haveria possibilidade de ter um rateio e que tinha me colocado, com aval do governador. E realmente isso aconteceu, duas ou três vezes eu recebi esse dinheiro", afirmou Arnaldo.
O ex-secretário disse que guardou o dinheiro. Após um tempo, segundo Arnaldo, o empresário Alan Malouf falou de uma dificuldade financeira que estava tendo. Ele, por ser amigo de longa data do empresário, ofereceu um empréstimo. "O dinheiro estava parado e não tinha no que usar. Eu sempre tive uma vida equilibrada. Então propus de emprestar sem compromisso".
Arnaldo disse não se recordar do valor recebido, nem quanto emprestou para Alan. No entanto, ele diz confiar na contabilidade feita por Nadaf e que consta no processo.
Atualizada às 14h49min.
Arnaldo relembrou que em 2012 ele era secretário da Secretaria de Infraestrutura e precisou realizar uma cirurgia cardíaca. Ele disse que, como não sabia quanto tempo demoraria sua recuperação, ele procurou o ex-secretário Silval Barbosa para entregar o cargo.
De acordo com Arnaldo, Silval se mostrou “humano” e disse que ele poderia cuidar de sua saúde tranquilamente. “Ele foi muito humano. Disse que eu poderia ficar o tempo que fosse preciso. De uma forma ou de outra, disse que procuraria um jeito de te ajudar”.
O ex-secretário disse que se passou um longo período, mas Silval não o ajudou, mesmo após ter voltado ao Governo, já na secretaria de Planejamento.
O réu declarou que quando recebeu sua parte pelo “retorno” do pagamento pela desapropriação, ele entendeu que o valor seria uma ajuda de Silval. Além disso, ele afirmou que entendia merecer pelo recebimento.
“Sei que foi um processo ilegal. Preferia não ter recebido [esse dinheiro] na época. Até achei que tinha merecimento por receber isso. Achei que isso fazia parte dessa ajuda. Achei que era um prêmio. Justo. Sabia que esse retorno não era uma coisa licita”, declarou.