Cidades

Ação e prevenção no combate ao Câncer de Mama

Fotos Ahmad Jarrah 

No Brasil, a cada 10 segundos, é registrado um diagnóstico de câncer de mama. Para conscientizar as pessoas, o movimento Outubro Rosa prevê ações de prevenção e combate à doença que atinge, principalmente, as mulheres. A cor que representa a feminilidade surgiu como símbolo desta luta nos anos 90 nos Estados Unidos e, em 2002, o Brasil passou a iluminar vários monumentos como forma de chamar atenção das pessoas.

Quanto mais cedo o câncer de mama for detectado, mais fácil será para curá-lo. Apesar de ser uma doença grave, há tratamento e as chances chegam a 95% quando o tumor está em estágio inicial. As ações realizadas no mês de outubro visam conscientizar mais mulheres a realizarem exames como o autoexame, mamografia e ultrassonografia.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o que mais leva as brasileiras à morte. A Estimativa sobre Incidência de Câncer no Brasil, produzida pelo Instituto, prevê que o Brasil terá 57.960 mil casos em 2016. Dados apontam que, em Mato Grosso, os registros devem chegar a 710 novos casos, 100 a mais do que em 2015. Deles, 430 serão registrados em Cuiabá.

Em entrevista ao Circuito Mato Grosso, o mastologista Luciano Floresbelo da Silva, médico do Hospital de Câncer, explica que para o câncer de mama não existe prevenção, então o movimento Outubro Rosa é importante para conscientização das pessoas. “Neste mês falamos mais sobre o Câncer de Mama e isso conscientiza mais as mulheres a fazerem a autoexame, mamografia e ultrassom. Com isso a gente consegue ter um diagnóstico precoce e temos uma chance muito maior de cura”.

Em outros países, informa o médico, o tumor é sempre diagnosticado na fase inicial e por isso a mortalidade é menor, pois as chances de cura são maiores. “No Brasil, o diagnóstico é sempre mais tardio. A maioria, quando procura um serviço especializado já está com um estado mais avançado e isso dificulta o tratamento”, conta. Além de levar a informação sobre os exames, o mastologista avalia que com o movimento, caia o mito de que o câncer não tem cura.

“Tem muita gente ainda, que acha que Câncer não tem cura e acha que pelo fato de ter sido diagnosticado com a doença é melhor ficar em casa, pois se mexer vai piorar. Então a função é também mostrar para a sociedade que Câncer tem tratamento, tem solução. O câncer de mama é um dos mais fáceis de tratar”, pontua Luciano.

Exames em todas as idades

As campanhas de conscientização durante muito tempo divulgaram a ideia de que o autoexame, baseado na palpação realizada pela mulher, era a melhor forma de detectá-lo precocemente. Porém, as recomendações mudaram, já que o tumor quando atinge o tamanho suficiente para ser palpado não está mais no estágio inicial e as chances de cura não são máximas.

Especialistas estimam que mortalidade por câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos poderia ser reduzida em um terço se todas as brasileiras fossem submetidas à mamografia uma vez por ano. Os tumores na fase inicial podem ser menores que 1 centímetro, pequenos demais e por isso são visíveis apenas na mamografia, por isso é importante que toda mulher faça o exame uma vez por ano a partir dos 40 anos.

O Hospital de Câncer de Mato Grosso oferece o exame de mamografia gratuita para mulheres de 40 a 69 anos o ano todo. Para marcar o atendimento basta ligar no (65) 3648-7598 e comparecer no dia da consulta com cartão do SUS e documentos pessoais. Podem fazer o exame mulheres que não realizaram o procedimento nos últimos 12 meses, sem necessidade de pedido médico.

O mastologista Luciano Floresbelo da Silva explica que o aparecimento de pessoas jovens com câncer de mama está cada vez mais comum, porém os casos não correspondem a 5%. “A maioria é acima dos 40 anos de idade. Eu até tenho pacientes abaixo dos 35 anos com câncer de mama, mas não é tão comum. Abaixo dos 30 então é ainda mais raro. Quanto mais jovem menor a probabilidade, mas ele pode acometer em qualquer idade”, ressalta.

Todas as mulheres, de todas as idades, podem e devem conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. Por isso a recomendação é que quanto mais cedo forem feitas as mamografias de rastreamento (quando não há sintomas nem sinais), melhor para identificar qualquer mutação.

A Força de Rosa Maria

“Eu nunca desanimei ou fiquei triste. Nunca ninguém me viu nos cantos deprimida ou baixei o astral por causa da doença.”

Aguardando para ser chamada e então realizar o exame para marcar a cirurgia de reconstituição da mama, Rosa Maria dos Santos contou sua história de luta e superação após vencer o câncer de mama diagnosticado em 2011. Com 51 anos, a salgadeira aposentada veio de Guarantã do Norte (711 km de Cuiabá) para entregar os resultados.

“Fiz todos os exames que o médico pediu e não houve nenhuma alteração. Meu tratamento acaba agora em novembro e eu vim entregar os exames para marcar a cirurgia de reconstituição. Eu me sinto bem melhor sabendo que vou conseguir fazer, sabe? Agora minha autoestima vai levantar mais ainda”, revelou.

Rosa Maria descobriu o câncer após realizar o exame de mamografia por vontade própria. Após os resultados foi identificado um nódulo no seio esquerdo e ela foi encaminhada até o Hospital de Câncer, em Cuiabá, onde após três biopsias descobriu um nódulo maligno e precisou realizar a mastectomia que é a retirada total da mama. “Depois que fui diagnosticada com o nódulo eu comecei o tratamento e em nenhum dia eu desisti de lutar”, afirmou.

No dia em que o médico deu a notícia para Rosa, ela estava sozinha. “Ele queria que eu ligasse para alguém para que ele pudesse contar o que estava acontecendo comigo, ai eu disse que ele poderia contar pra mim porque seja lá o que fosse eu ia encarar. Mesmo assim ele ligou pra minha filha e falou com ela. Explicou tudinho para ela e eu deixei, sabe? Pois se ela tivesse vindo eu acho que seria mais difícil pra encarar”. A família, segundo Rosa, ficou mais triste que ela, porém a apoiou 100%.

“Quando eu voltei para Guarantã e contei para minha família que estava doente e eles ficaram mais tristes que eu [risos]. Todos me apoiaram, meus filhos, meus netos, vizinhos e amigos e isso fez com que eu não desanimasse mesmo”. Rosa disse que ninguém explicou por que ela teve câncer. “Os médicos perguntaram se tinha casos na minha família, eu disse que não e ficou por isso mesmo”.

O mastologista Luciano da Silva explica que não existe uma causa específica para ter câncer de mama. Segundo ele os cânceres hereditários correspondem a 20% das causas, os outros 80% não têm relação com genética e são os mais comuns. Apesar da doença, Rosa afirma que nunca desanimou e nunca deixou ninguém desanimar.

“Às vezes pessoas que nunca passaram pelo procedimento, falam coisas ruins para pessoas que estão em tratamento. Eu escuto elas falarem e depois que vão embora eu falo que não é para a pessoa desanimar e fazer tudo que o médico pediu porque ai a pessoa recupera”.

Aplicativo Laço Rosa

Um aplicativo criado pelo Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, da cidade de Santos, no litoral de São Paulo, foi criado para alertar sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama por meio do compartilhamento de fotos e informações.

Por meio do aplicativo é possível tirar selfies, escolher um sentimento positivo, adicionar a marca do Outubro Rosa e compartilhar com os amigos. Também é possível aprender a fazer o autoexame, conhecer o instituto e ficar por dentro da programação do Outubro Rosa.

Catia Alves

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