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Por G1
O detento Roger Abdelmassih, preso em Tremembé (SP), deixou na manhã desta sexta-feira (31) a Penitenciária 2 para fazer os primeiros de uma série de exames cardíacos a que será submetido nos próximos dias. A bateria, que termina no próximo dia 18, foi autorizada pela Justiça no processo em que o médico, condenado a 181 anos de prisão por estuprar pacientes, pede indulto humanitário para deixar a prisão – não há prazo para julgamento.
Os exames desta sexta-feira ocorreram às 11h30 em uma clínica na avenida Charles Schneider, na região central de Taubaté (SP). Abdelmassih, de 73 anos, tem problemas cardíacos desde 1984.
Ele foi submetido nesta sexta a um eletrocardiograma, procedimento para registrar a atividade elétrica do coração com o paciente em repouso, e colocação de aparelho para holter 24 horas, que é um exame complementar utilizado para avaliar a presença de arritmias cardíacas.
Após os exames, ele volta ao presídio e, neste sábado (1º) retorna à clínica para retirada do aparelho. Todos os exames foram pagos pelo preso.
O indulto humanitário pedido pelo preso pode ser concedido, com aval da Justiça, a quem tem doença grave e permanente, que apresenta grave limitação à atividade e exija cuidados contínuos que não possam ser prestados dentro do presídio. Se autorizado o indulto, ele poderá deixar a prisão.
Antes dos exames desta sexta-feira, Abdelmassih já havia passado por perícia médica – na ocasião ele foi atendido dentro do presídio. A perícia também vai ser incluída no processo do detento.
Doença
O médico foi internado no fim do ano passado em um hospital em São Paulo, por dois dias, após suspeita de entupimento das coronárias.
Antes, segundo a defesa dele, em documentos apresentados à Justiça, em 2008 ele passou por uma cirurgia de emergência para colocar ponte de safena e teve o quadro agravado a partir de 2015.
No ano passado ele passou por pelo menos quatro consultas médicas por causa do quadro clínico.
Abdelmassih vai passar por outros exames nos próximos dias, sendo todos para avaliação cardíaca do preso.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) foi procurada no começo desta tarde pelo G1 para comentar o assunto e dar informação sobre o horário de retorno do detento à cela. A reportagem aguarda o retorno.
Histórico
Roger, que era considerado um dos principais especialistas em reprodução humana no Brasil, foi condenado a 278 anos de reclusão em novembro de 2010. Foram considerados 48 ataques a 37 vítimas entre 1995 e 2008. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder solto.
O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.
Em 24 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) cassou o registro profissional de médico de Abdelmassih.
Após três anos foragido, quando chegou a ser considerado o criminoso mais procurado de São Paulo, Abdelmassih foi preso no Paraguai pela Polícia Federal (PF), em 19 de agosto de 2014. Em outubro daquele ano, a pena dele foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias, por decisão judicial. Entretanto, pela lei brasileira, nenhuma pessoa pode ficar presa por mais de 30 anos.


