O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), que apareceu recebendo maços de dinheiro em um vídeo da delação premiada feita pelo ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), ao Ministério Público Federal (MPF), negou neste sábado (9) ter cometido qualquer ato ilícito. Essa foi a primeira vez que Emanuel Pinheiro falou com a imprensa sobre o assunto.
Nas imagens, divulgadas há mais de duas semanas, Pinheiro aparece recebendo maços de dinheiro das mãos de Sílvio César Corrêa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, e colocando o montante nos bolsos do paletó. Na época, ele era deputado estadual. Silval afirmou, na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o dinheiro pago ao atual prefeito da capital era de propina.
Hoje, durante vistoria realizada em obras de pavimentação e drenagem no Bairro Doutor Fábio, na capital, Emanuel Pinheiro afirmou que as imagens são de quatro anos atrás e foram divulgadas fora de contexto, aproveitando-se do fato de que ele ocupa o cardo de prefeito de Cuiabá.
"Eu sou advogado, há uma orientação jurídica para a gente falar no momento certo, até porque é agora que os elementos estão aparecendo. Podem ter certeza que estou absolutamento tranquilo. Não cometi nenhum ilícito e as coisas serão esclarecidas. A verdade vai aparecer e nós vamos, dentro dos autos, mostrar toda a contundência da nossa linha de defesa", afirmou.
Questionado se o dinheiro recebido foi declarado ou onde ele foi usado, Emanuel Pinheiro desconversou e pediu para que respeitem o posicionamento dos advogados dele, que devem falar no momento oportuno.
Suplementação
Sobre o decreto de suplementação de R$ 6,7 milhões do orçamento da Câmara de Vereadores de Cuiabá após a divulgação do vídeo da delação, Pinheiro disse se tratar de um pleito da Mesa Diretora que estaria sendo discutido desde maio deste ano.
O Ministério Público de Contas de Mato Grosso apontou indícios de falhas no decreto, em representação feita no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT). Posteriormente, o decreto foi suspenso pelo juiz Luís Aparecido Bortolussi Júnior, da Vara Especializadada Ação Civil Pública e Ação Popular.
"É um pleito da mesa da Câmara que está sendo discutido desde maio, tem todo o processo tecnicamente embasado, foi coordenado pelo secretário de finanças do município, pelo secretário de planejamento, pelo contador-geral do município e teve um total respaldo técnico para poder resolver um problema do Poder Legislativo. Eu joguei para o segundo semestre por causa do equilíbrio do caixa do município, porque eu estava no primeiro ano de governo", disse.
CPI
O vereador Marcelo Bussiki (PSB) apresentou requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o prefeito de Cuiabá, mas o requerimento não atingiu o número necessário de assinaturas para que fosse levado adiante na Casa de Leis.