O filme foi inspirado na obra Travelling to Infinity: My Life with Stephen de Jane Hawking que descreve seu relacionamento com o físico teórico Stephen Hawking e o desafio com a doença do neurônio motor, esclerose lateral amiotrófica (ELA).
O filme é estrelado por Eddio Redmayne, cuja atuação lhe valeu o Óscar de Melhor Ator, e por Felicity Jones, além de Charlei Cox, Emily Watson e David Thewlis em papéis coadjuvantes.
A Teoria de Tudo (2014) retrata a história do renomado físico teórico Stephen Hawking, desde sua juventude e os primeiros passos na Universidade de Cambridge até o diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e sua jornada desafiadora ao longo da vida.
O filme destaca não apenas o brilhantismo de Hawking no campo da astrofísica, mas também sua impressionante resiliência diante das adversidades impostas pela doença degenerativa. Apesar das limitações físicas progressivas, Hawking nunca perdeu sua capacidade intelectual, revolucionando a ciência com suas teorias sobre buracos negros e a origem do universo.
Seus estudos mudaram a forma como entendemos o tempo e o espaço, e sua contribuição para a física foi notável, mesmo quando sua condição o impedia de se comunicar verbalmente. A obra mostra como sua mente permaneceu ativa e inovadora, mesmo quando seu corpo se tornava cada vez mais limitado.
O filme também foca no relacionamento entre Stephen Hawking e Jane Wilde, sua primeira esposa. Jane desempenhou um papel fundamental em sua vida, oferecendo apoio incondicional desde o diagnóstico até os momentos mais desafiadores.
Entretanto, a trajetória amorosa de Hawking não foi simples. O peso da doença e das responsabilidades da família trouxeram desafios para Jane, que, ao longo dos anos, enfrentou dificuldades para conciliar sua vida pessoal com o papel de cuidadora. Com o tempo, sua relação se tornou desgastante, especialmente quando Jonathan Hellyer Jones, professor de música e amigo da família, se tornou um apoio emocional para Jane.
A complexidade desse relacionamento é retratada com sensibilidade no filme, destacando o impacto da doença não apenas sobre Stephen, mas também sobre aqueles ao seu redor. Eventualmente, o casamento chega ao fim, e Stephen encontra uma nova companheira em Elaine Mason, sua enfermeira. O filme não deixa de abordar esses aspectos com delicadeza, demonstrando que, mesmo diante das dificuldades, Hawking e Jane sempre mantiveram um profundo respeito e carinho um pelo outro.
A direção de James Marsh é precisa e emotiva, conseguindo equilibrar a grandiosidade da trajetória científica de Hawking com a intimidade de sua vida pessoal. O roteiro de Anthony McCarten adapta o livro de Jane Hawking com sensibilidade, evitando um tom excessivamente dramático e apostando em uma narrativa humana e inspiradora.
A atuação Eddie Redmayne como stephen Hawking é o grande destaque do filme. Ele não apenas capturou a genialidade de Hawking, mas também sua progressiva deterioração física com uma interpretação impressionante. Redmayne estudou cuidadosamente os movimentos e a postura de Hawking para trazer autenticidade ao papel, o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator em 2015.
Felicity Jones entrega uma performance forte e comovente, interpretando Jane Hawking com profundidade emocional. Sua atuação transmite com precisão a resiliência e os desafios da personagem, demonstrando a complexidade do amor e do sacrifício.
A trilha sonora, composta por Jóhann Jóhannsson, é um dos pontos altos do filme. As melodias delicadas e emocionantes acompanham a trajetória de Hawking com sensibilidade, tornando-se um elemento essencial para a experiência cinematográfica. A trilha foi indicada ao Oscar e venceu o Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora Original.
A cinematografia de Benoît Delhomme aposta em tons suaves e uma estética elegante para criar um ambiente envolvente. O uso de iluminação natural e filtros quentes reforça a atmosfera emocional do filme, especialmente nas cenas em que Hawking experimenta momentos de contemplação e descoberta científica.
Vale ressaltar que o figurino e a ambientação recriam com precisão as décadas em que o filme se passa, desde os anos 60 até os anos 90. Os detalhes históricos foram cuidadosamente trabalhados, conferindo autenticidade à narrativa.
O filme foi amplamente reconhecido pela crítica e recebeu 5 indicações ao Oscar em 2015 (Melhor Filme, Melhor Atriz para Felicity Jones, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original, vencendo uma estatueta: a de Melhor Ator para Eddie Redmayne.
Além disso, Eddie Redmayne também venceu o Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama, consolidando sua performance como uma das mais impressionantes dos últimos anos.
A Teoria de Tudo não é apenas um filme sobre ciência ou sobre Stephen Hawking. É uma obra inspiradora sobre a força do espírito humano, a resiliência diante das dificuldades e o impacto das relações interpessoais na construção de uma vida extraordinária.
Com atuações brilhantes, uma trilha sonora emocionante e uma direção sensível, o filme consegue equilibrar os aspectos científicos e pessoais da trajetória de Hawking, mostrando que, apesar das limitações físicas, sua mente permaneceu infinita.
O longa nos lembra que o amor, a ciência e a determinação podem transcender qualquer obstáculo, tornando-se uma das histórias mais belas e impactantes do cinema contemporâneo.
Vale a pena assistir.

Olinda Altomare é magistrada em Cuiabá e cinéfila inveterada, tema que compartilha com os leitores do Circuito Mato Grosso, como colaboradora especial.
Foto capa: Reprodução/Divulgação