Localizado na zona oeste da capital, a base ocupa uma área de mais de 12 quilômetros quadrados, pela qual circulam mais de 70 milhões de passageiros por ano.
A BBC Future conseguiu acesso exclusivo aos bastidores deste que é o aeroporto mais movimentado da Europa para descobrir o que é necessário para manter algo tão complexo funcionando da melhor maneira possível.
Precisão de segundos
Cerca de 1.350 aviões decolam ou pousam em Heathrow diariamente – uma aeronave a cada 45 segundos.
Garantir a segurança e a eficiência dessa movimentação é trabalho para os controladores de tráfego aéreo. Jon Proudlove, gerente do serviço, explica que o planejamento de cada processo de pouso e decolagem começa seis meses antes. "Tudo o que fazemos tem que seguir aquele plano", explica.
A BBC Future visitou Heathrow em um dia crucial, quando o sistema Time Based Separation (TBS) foi acionado.
Segundo Proudlove, trata-se de uma mudança radical para o controle dos voos. Agora, em vez de os aviões terem de manter uma certa distância uns dos outros, eles terão que ser separados por tempo. Os engenheiros esperam que o novo sistema reduza atrasos e possibilite que um maior número de aviões decole ou pouse a qualquer momento.
As aeronaves modernas são capazes de enviar uma enorme quantidade de informações a partir do cockpit para os controladores em terra, incluindo sua velocidade e a velocidade local do vento.
O sistema TBS combina dados meteorológicos e as informações vindas dos aviões, e dá aos controladores uma noção clara sobre as condições dos vórtices – o turbulento ar deixado para trás pela aeronave. Assim, eles podem decidir sobre a velocidade com que esse turbilhão está se disspiando e se é perigoso para outro avião voar logo atrás.
A empresa Nats, encarregada do controle de tráfego aéreo de Heathrow, rastreou 150 mil pousos no aeroporto e fez modelos dos vórtices deixados por essas aeronaves. Isso permitiu calcular um intervalo seguro entre elas, com base nas condições em determinados momentos.
Desde que foi colocado em funcionamento, o sistema foi declarado um sucesso, diminuindo atrasos relacionados a ventos, mas mantendo a segurança.
Pontualidade e segurança
O aeroporto britânico ainda deve receber mais inovações tecnológicas. Ele já é o segundo do mundo a usar uma versão atualizada do sistema de pouso por instrumentos (ILS, na sigla em inglês), atrás apenas do aeroporto de Zurique, na Suíça.
O ILS emite uma onda de rádio à qual os aviões se "agarram" para poderem descer na pista. Com o novo sistema, essa onda pode ser estreitada, aumentando o número de aeronaves que podem pousar e decolar com segurança.
Outro aspecto fundamental para manter o bom funcionamento de Heathrow são as operações em terra. Steve Xerri, gerente de pistas, lida com questões de conformidade às regras do aeroporto e com algo talvez ainda mais importante hoje em dia: a pontualidade.
Um aeroporto é como uma rede extremamente complicada formada por partes móveis, e o papel de Xerri é tentar manter tudo funcionando em harmonia.
Para executar seu trabalho, ele frequentemente tem que dirigir por entre as aeronaves ou até segui-las de perto – e isso não é para fracos.
As operações do aeroporto são monitoradas na Airfield Operations Facility (AOF), uma sala de controles parecida com a torre de comandos de tráfego aéreo. Um das tarefas mais importantes ali é a detecção de destroços – algo fundamental, já que até mesmo uma pequena peça perdida pode ter efeitos devastadores em um avião.
Novas tecnologias agora permitem que o monitoramento das pistas seja mais apurado. Um radar específico instalado em uma torre "olha" para as aeronaves mas também para o que se passa em terra.
A cada 90 segundos, o radar faz uma varredura nas pistas em buscas de objetos que possam causar problemas caso sejam atingidos pelas rodas de um avião ou se forem aspirados por turbinas. Qualquer pecinha do tamanho de uma moeda é capaz de gerar um alerta. Câmeras são apontadas para o local e operadores avaliam os riscos.
No passado, tudo isso era feito por uma pessoa que percorria de carro o trajeto paralelo à pista, com binóculos, em busca desses objetos.
Todo esse trabalho ocorre de maneira praticamente invisível para os milhões de passageiros que passam por Heathrow a cada ano. "Atualmente, estamos operando a 98% da nossa capacidade. Por isso, qualquer espaço que temos disponível é usado para os aviões", explica Xerri.
Como diz seu colega Proudlove, "em Heathrow, cada segundo conta".
Fonte: BBC BRASIL