Dizem que o parlamento brasileiro é inspirado no padrão britânico, criado por volta do
século XI com Câmara dos lordes (senado) e Câmara dos comuns (sede dos
deputados). Entretanto minha pesquisa (baseada em antropologia e história
—conhecimentos que domino com perfeição) aponta outra origem.
Tudo teria começado quando uma tribo do oriente médio viu a necessidade de se
organizar, para manter o progresso que começava a chegar com o aumento das
riquezas (bois, jumentos, ovelhas, cabritos e agricultura). Eram cerca de 200 grandes
famílias, número que minha pesquisa arqueológica não conseguiu confirmar.
A primeira ideia foi selecionar 20 dessas famílias (as mais importantes) e pedir que
cada uma escolhesse um representante para formar o que se tornou o embrião do
nosso parlamento. Viu-se depois que os escolhidos foram aqueles que faziam menos
falta na lida diária, mas eram bons de papo.
Marcaram, então, a primeira reunião do grupo, momento em que escolheram um
chefe e na confusão que se instalou a única coisa que ficou decidida, naquele primeiro
encontro, foi exigir um pagamento para exercerem tão nobre função. Determinaram
um valor (cabritos, ovelhas, bois, galinhas) que cada família deveria entregar.
Com esse ato encerraram a primeira sessão e, plagiando o relato bíblico da criação do
mundo,” viram que era bom”, e foram dormir satisfeitos.
No segundo encontro, depois de embolsado o primeiro “salário”, decidiram que
precisavam criar uma forma de tratamento que os diferenciasse da raia miúda. Assim
passaram a se tratar com afetação e a exigir que o povo também o fizesse. Nasceu aí o
pronome de tratamento que deu origem ao atual “Vossa Excelência”.
Noutro dia determinaram que precisavam de uma sede confortável e, como o serviço
estava cansativo, exigiram a contratação de assessores escolhidos por eles próprios
entre os familiares, priorizando os que, como eles, não fizessem muita falta nos
trabalhos diários.
Nesta altura o povo já começava a desconfiar da necessidade daquele aparato caro,
mas já era tarde, eles já tinham tomado o freio entre os dentes e galopavam sem
controle fazendo leis e criando normas. Para evitar possível volta ao trabalho duro da
roça, deliberaram que aquela instituição era definitiva e que eles próprios
determinariam quantos deveriam ser seus membros e quanto de dinheiro seria
destinado ao cumprimento de tão elevado mister.
Reuniam-se somente nas noites de lua cheia e se especializaram na arte de falar
inutilidades, daí originando o termo parlamento, que é o lugar onde se ganha para
jogar conversa fora.
E, na décima lua daquela primeira “legislatura” pegaram a verba que sobrara (3
cabritos, 02 cordeiros e algumas galinhas gordas) e pedindo alguns odres de vinho para
o povo, promoveram animada confraternização. Felizes, relembraram o que tinham feito até então: fixaram os próprios salários, contrataram assessores e padronizaram
um sistema de tratamento. Ainda, ergueram confortável sede e obrigaram o povo a
custear aquela doce sinecura.
E assim, satisfeitos com o desempenho próprio, decretaram o primeiro recesso
parlamentar e voltaram para suas bases. Lá foram recebidos com afagos e
homenagens, consolidando a decisão de nunca mais abandonar aquela magnifica
“profissão”.
Renato de Paiva Pereira.
Imagem: Reprodução/Divulgação


