Seis PMs e uma policial civil foram alvo de mandados de Prisão na segunda-feira, 16, em ação conjunta do Ministério Público de São Paulo e das Corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil. Dos policiais investigados, a Operação Aurora prendeu cinco PMs. Os agentes são suspeitos de participar de um esquema de extorsão a comerciantes na região do Brás, no centro de São Paulo.
O Estadão não havia conseguido contato com as defesas dos acusados até a publicação deste texto.
A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público apontou que os policiais agiam como uma milícia, dividindo o território e exigindo pagamentos de vendedores informais, muitos deles imigrantes.
Quatro suspeitos civis também foram presos. As autoridades ainda buscam localizar um dos PMs, a policial civil e outros quatro civis envolvidos no esquema. Os pagamentos eram cobrados pelos PMs a título de “luva”, em troca de autorização para os comerciantes se instalarem na região, e também semanalmente, diz o MP. Ainda segundo a Promotoria, como não têm acesso a linhas de crédito, os comerciantes de região pegavam dinheiro emprestado com agiotas para pagar aos policiais e, muitas vezes, esses próprios policiais eram contratados pelos agiotas para fazer a cobrança.
Testemunhas relataram que os comerciantes que não pagam o valor cobrado são ameaçados de morte, agredidos e retirados dos pontos de venda. O esquema ocorreria pelo menos desde o ano passado. “É uma ação muito triste. Nós vimos a exploração de pessoas muito humildes, que sofriam prática de extorsão, violência e diversos tipos de abuso”, disse o corregedor da PM, coronel Fabio Sérgio do Amaral.
Os investigadores circularam à paisana no Brás por semanas, com uma caneta-câmera espiã, para colher provas e flagraram várias cobranças, tanto nos boxes quanto em barracas na rua. Não se sabe ao certo o valor que foi movimentado.
“Em uma noite, por uma das interceptações que tivemos, durante uma cobrança, eles arrecadaram R$ 2,5 mil em uma rua”, disse Amaral. No cumprimento das buscas, cerca de R$ 145 mil de dinheiro em espécie foram encontrados na casa de um dos investigados.