Cidades

A necessidade ou decepção de cada um são fatores determinantes para ser solteiro, diz psicólogo

Neste domingo, 15 de agosto, é celebrado o Dia dos Solteiros no Brasil. O psicólogo Alexander Bez conversou com o Circuito Mato Grosso sobre o tema e afirmou que estar solteiro muitas vezes é uma necessidade de cada um, no entanto a decepção de um relacionamento também pode ser um fator determinante.

A pandemia da Covid-19, conforme o psicólogo, foi um grande divisor de águas a vários relacionamentos, assim como também contribuiu para o desespero e confusão daqueles que já se sentiam solitários.

Alexander Bez conta que para uma pessoa se sentir feliz, estando solteira, ela não deve se cobrar, mas precisa ser conscientizar de que apenas ela tem um poder pessoal sobre si mesma e isso pode leva-la para onde quiser. Após passar por alguns processos, como a elevação da auto estima, é possível desenvolver a compreensão de que ninguém é necessário para ser feliz. Ela mesmo é essencial.

Confira a entrevista completa:

Circuito Mato Grosso: O que é o medo de ser solteiro e porque ele acontece?

Alexander Bez: O medo de ser/estar solteiro está ligado especialmente às nossas estruturas mentais emocionais. É necessário analisar o que representa esse medo e essa é uma questão muito pessoal que deve ser analisada com um especialista, como um psicólogo.

Além disso, pessoas com transtornos de carência, transtornos de dependência emocional, falta de autoestima e depressão também tendem a apresentar esse tipo de medo que faz com que elas achem que necessitam de outra pessoa para ter companhia.

Circuito Mato Grosso: Existem pessoas que estão solteiras por opção. O que as difere das demais?

Alexander Bez: Sim, muitas pessoas são solteiras por opção e não há nenhum erro nisso, essa é realmente uma questão muito pessoal. Isso pode ser devido a uma fortaleza muito grande de personalidade, ou seja, uma pessoa que tenha uma estrutura mental e emocional muito forte e entende que está feliz como está, ou pode ser pessoas que tiveram alguns traumas em relacionamentos e se fortaleceram em função desses traumas, ou até mesmo não se fortaleceram e por isso preferem estar sozinhas para não sofrer novamente. Por isso é importante sempre analisar os motivos. Há pessoas também que preferem essa vida por entender que querem curtir mais, sem nenhum tipo de vinculo amoroso.

Circuito Mato Grosso: Ainda existe muita cobrança em cima das mulheres quanto a se casar, ter filhos e formar uma família. Mas enquanto existe essa cobrança exagerada em cima de nós, entre os homens existe uma espécie de glorificação em estar solteiro. Por que essa diferença? E como isso afeta ambos os sexos?

Alexander Bez
Foto: Assessoria

Alexander Bez: É verdade, existe uma cobrança muito maior em relação às mulheres, principalmente no que tange famílias religiosas e tradicionais. É claro que isso é muito menor hoje em dia do que nos anos passados, mas a sociedade ainda tem muito para evoluir. As cobranças ainda são muito fortes e algumas pessoas ainda têm o pensamento que o homem por ser homem não precisa ter esse tipo de cobrança e que ao contrário, deve aproveitar melhor a vida.

Como profissional, especialista em relacionamentos acredito que as pessoas devem se casar apenas se há motivo amoroso e não porque o casamento é uma modalidade social conjugal muito importante na sociedade. Pois quando há uma estrutura montada pelo amor, o casamento tende a ser muito feliz, já se a estrutura matrimonial é moldada pela condição social conjugal o casamento tende a ser infeliz. Então existe sim uma discrepância muito grande entre a visão masculina e a visão feminina até da própria sociedade que atribui à mulher o que é errado, mas existe.

Circuito Mato Grosso: Muitos casais, durante o isolamento provocado pela pandemia, acabaram se separando. Por quais motivos isso vem a acontecer?

Alexander Bez: O isolamento em si foi o grande divisor de águas nos relacionamentos. Ele mostrou para alguns casais que a convivência diária e contínua era impossível. Essa convivência era acobertada pelas atividades que as pessoas faziam pelas suas questões pessoais acadêmicas profissionais e esportivas, por exemplo. Então, apesar de estarem juntos, antes do isolamento as pessoas tinham seus afazeres longe de casa, chegando a passar pouco tempo com o companheiro durante o dia.

E a pandemia obrigou as pessoas a conviverem 24h por dia juntas e por isso só os casais que realmente possuíam uma conotação de estrutura passional amorosa sólida “sobrevivessem” a essa etapa. Os casais que não tinham uma relação amorosa tão forte não tinham como sobreviver a esse momento, é por isso que aconteceu essa enxurrada de separações justamente porque foi detectado por um ou por ambos que o convívio com o outro era impossível e já não tinha mais como ser mantido.

Circuito Mato Grosso: Com o isolamento social muitas pessoas solteiras acabaram ficando em solidão completa. Como esse momento do mundo afeta uma pessoa que antes procurava constantemente por companhia?

Alexander Bez: Esse momento realmente afetou as pessoas solitárias de diversas formas. A pandemia trouxe uma conotação totalmente negativa e acabou desencadeando uma solidão extrema e sentimentos de depressão com também de ansiedade e transtorno de estresse pós traumático. Além do desespero e confusão muito grande que foi causado pelo sentimento de solidão, evocando também até mesmo a síndrome do pânico em algumas pessoas.

Essas são as principais conotações que essa solidão extrema traz para uma pessoa, ainda mais sem poder se relacionar com outras pessoas por causa do isolamento, o que acabou aumentando todo esse sentimento de tristeza.

Circuito Mato Grosso: Muitas pessoas preferem ficar sozinhas após alguma decepção, como ela pode lidar com isso?

Alexander Bez: Após uma separação, exceto quando a relação é tóxica ou quando a relação é violenta, o ideal é que realmente abra aí uma espera de um tempo e que a pessoa não se envolva imediatamente. O cérebro é todo um aparelho emocional sentimental e precisa de um tempo adequado para que realmente possa baixar um pouco a poeira e se estabilizar. Ai sim a pessoa pode procurar uma outra relação.

Então o correto é que a pessoa não faça aquilo de entrar e sair de uma relação várias vezes pois isso é seriamente prejudicial ao emocional dela, dê o devido espaço a você mesma.

É interessante que a pessoa entenda que ela está num momento de solicitude e não solidão. É importante fazer uso de bastante meditação e reflexão psicológica para compreender o momento. Faça uma retrospectiva da sua vida pessoal amorosa e principalmente, realize atividades que você gosta, como um novo curso, musculação, dança… enfim, ocupar a sua cabeça com o presente vai te ajudar a criar uma estabilidade maior e não entrar em maiores confusões ou em relacionamentos ‘furada’.

Circuito Mato Grosso: Existem pessoas que realmente sofrem por não estar em um relacionamento. Como uma pessoa pode aprender a ser feliz sozinha?

Alexander Bez: A primeira coisa é não se cobrar, a segunda é se conscientizar de que apenas ela tem um poder pessoal sobre si mesmo e esse poder pode levar ela para onde ela quiser. A terceira fase é um processo de elevação de auto estima. Isso é muito importante. Esse processo de elevação da autoestima vai ajudar a pessoa a se fortalecer emocionalmente e a partir desse fortalecimento ela se enxergará como uma pessoa madura e preparada.

Nessa hora ela realmente poderá pensar em outras questões e ter também a compreensão de que ela não precisa de ninguém para ser feliz. Ela mesmo é essencial. Esse é um processo continuo de reforçamento de autoestima.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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