“Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando…”. “Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso de água e sabão…”.
Vive dentro de mim a mulher roceira, a trabalhadeira, a analfabeta. Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha… tão murmurada… Todas as vidas dentro de mim: na minha vida – a vida mera das obscuras”…
No poema “Todas as vidas” Cora Coralina pinta com suas palavras a pluralidade de faces e cotidianos das mulheres brasileiras.
No poema o eu poético assume a diferença, as mulheres excluídas, silenciadas, tornadas invisíveis, obscurecidas pelo preconceito, pela desigualdade de direitos, respeitando a diferença, o outro: Todas as vidas dentro de mim: “Na minha vida – a vida mera das obscuras”.
Na coluna de hoje rendo minha homenagem ao Dia Internacional da Mulher por meio da poesia de Cora Coralina, que se fez poeta na meia-idade. Impossível falar de Cora Coralina sem destacar sua coragem, ousadia e seu espírito libertário.
Viveu numa sociedade patriarcal e machista, tendo enfrentado grandes problemas conjugais.
Tornou-se uma revolucionária, uma feminista.
Seus textos são ecléticos, com rima, sem rima, com sentidos universais, com múltiplas conotações e com muitas confissões.
Parabéns a você Mulher!!!