A mensagem dada pelas urnas no primeiro turno da eleição presidencial é clara no sentido de que nada está definido para que se possa cravar com a certeza necessária se Lula ou Bolsonaro vencerão as eleições no vindouro dia 30 de outubro.
Os institutos de pesquisas não conseguiram compreender o movimento do eleitorado nesse primeiro momento, com vários deles apontando a possível vitória do petista ainda em primeiro turno. No entanto, o que se viu após a apuração é que grande parte do eleitorado brasileiro ainda segue firme com Bolsonaro, mostrando um pragmatismo diferenciado.
Em razão desse pragmatismo, o que se viu foi o partido atual de Bolsonaro conseguir uma bancada de 101 deputados e eleger muitos senadores aliados a pauta do governo, entre os quais está o atual vice-presidente General Hamilton Mourão, garantindo uma grande força política no Congresso Nacional.
Os números finais mostraram que os estados do Nordeste seguem firmes com Lula e que São Paulo continua com sua aversão ao Partido dos Trabalhadores, deixando Fernando Haddad numa segunda posição para disputar o segundo turno com um crescente Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro. Lula também perdeu em São Paulo para o presidente.
Outra situação que não deve passar despercebida é o número de votos brancos e nulos que totalizaram quase cinco milhões e meio de eleitores, ou 4,4% dos votos válidos que foram até as urnas, mas não optaram por nome algum. Não é pouco em razão da disputa, onde se computou uma diferença final que ficou em 6.187.159 de votos a favor do candidato petista.
Resta saber se os apoios políticos para o segundo turno surtirão o efeito de angariar ou modificar os votos dos eleitores. Saber se os eleitores dos governadores eleitos ou dos candidatos derrotados migrarão para os dois candidatos ainda na disputa. Uma situação é mais do que evidente diante do quadro final deste primeiro turno: os eleitores de Lula não votam em Bolsonaro e vice-versa.
Resta saber como votarão os eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes em razão dos apoios já declarados ao candidato Lula. E, também, se os eleitores de Zema em Minas Gerais, Cláudio Castro no Rio de Janeiro e do candidato derrotado do PSDB em São Paulo Rodrigo Garcia irão pular para dentro do barco bolsonarista.
Enfim, são muitas especulações e muitas expectativas que se colocam no tabuleiro político. A grande verdade é que o eleitor brasileiro continua conservador e o eleitorado brasileiro está absolutamente dividido e polarizado, mas que tanto um quanto o outro não demonstra estar disposto a uma ruptura institucional que abale a democracia. E essa é a grande e verdadeira mensagem das urnas.