Opinião

A Mangueira contou e cantou o nossa historia.

Com a personificação das imagens dos  políticos nas propagandas institucionais, repetitivas e cansativas, o povo acostumou-se a ter visões “mortas” quando o assunto se refere a breves reflexões da nossa história.

Foram os momentos mais emocionantes que vivi. Durante 1 hora e 27 minutos, ouvi o nome Cuiabá cantado por milhares de pessoas na Sapucaí, ecoando ao som dos “puxadores da Mangueira”, como foi emocionante saber que naquele momento Cuiabá era a “rainha do sambódromo” , e estava  recebendo a homenagem que merece. De repente imagens da nossa história saíram por aí, viajando através do satélite para o Brasil e mundo.

Eu, como cuiabano, também me senti naqueles momentos homenageado, e foi de arrepiar, o desfile da Mangueira  está gravado para ser assistido por várias vezes durante este ano.
De repente eu fique rouco sem cantar;
Fiquei cansado sem dançar;
Fiquei emocionado sem estar lá;

Quantas emoções  em 1 hora e 27 minutos.

Apesar de nunca ter torcido pela Mangueira, no encerramento torci pela primeira vez pela Estação Primeira, torci para que ela não estourasse o tempo, (como se tivesse torcendo pelo meu time de coração, numa decisão em cobrança de pênaltis), em pé e com o coração em disparado, fiquei vendo aquele  lindo “Olho de Peixe” da minha infância, que empacou nos arcos da apoteose travando o fim do deslize, como que querendo  dizer: “vocês vão ter que me aturar”.

Não existe enredo completo.

É impossível colocar num único desfile toda história de Cuiabá.  Mas lá estava parte da nossa história sem endeusar nomes, porque não eram as pessoas que estavam sendo homenageadas, mas sim Cuiabá; para aqueles que não têm sensibilidade, não sabem espiar além da ponta do nariz, digo o que vi com o sentimento cuiabano:  

Logo na Comissão de Frente, vimos à representação da chegada dos bandeirantes que vieram para cá em busca de ouro e foram recebidos pelas Índias que traziam  bandejas com Pacus Assados e que representavam a “máxima popular” que diz: “quem come cabeça de pacu, casa com uma cuiabana ou cuiabano e não sai daqui jamais”.   e do outro lado das bandejas a “roda do trem” ( que estamos a esperar por 150 anos).  

Vi o Minhocão do Pari, em forma de uma linda serpente com luzes de led, a brilhar majestosamente mostrando sua enorme língua na festa da Sapucaí, e os seus gigantescos dentes que sempre estiveram em defesa do rio, em sua volta haviam peixes  pulando fora d’água pedindo socorro para enfrentar tanta poluição, essa passagem faz parte dos “causos” do povo ribeirinhos do Rio Cuiabá;

Vi o “Chá com Bolo”, naquela ala com  lindas cariocas carregando as bandejas cheias de bolinhos que por séculos e séculos fazem parte das festas e das manhãs cuiabanas;  

Vi as Festas do Senhor Divino pela representação simbólica da “Pomba Branca”, que ali simbolizava os momentos da religiosidade dos nossos ancestrais.  Para aqueles que sabem, começa com a “esmola” indo de casa em casa com a bandeira do Divino, seguida pela bandinha tocando os rasqueados cuiabanos, e tem-se o ápice com a missa e a grande Festa do Senhor Divino ( o Zé Bolo Flor era figura carimbada nessas festas);

Vi a Festa do Arraial  São João, que acontecia nos bairros e nos sítios ao redor da cidade,  eram festas de três dias. A meia noite o baile parava e o povo seguia em direção aos córregos para lavar o Santo, e depois levantava -se o mastro e a festa “varava” a noite com os pares dançando ao som da bandinha de “Nenê Piau” ou com banda do Mestre Inácio;

Vi São Benedito, representado na figura de um negro a dançar num majestoso carro alegórico. O Santo Negro que é o marco da religiosidade do povo e dos irmãos negros que viveram todo tipo de preconceito racial,  sofreram a segregação imposta pelo isolamento por ter nascido longe do litoral.  Mas todos nós que nascemos aqui, sabemos da importância de São Benedito na história sacra do povo  nasceu  no Centro Geodésico  da América do Sul, e é por isso que eu digo:

Viva São Benedito;
Viva! Viva! Viva!
Vi a represtação das frutas e as flores do cerrado;
Vi Cuiabá como o Portal da Natureza,  lá estavam às cachoeiras da Chapada e os animais do Pantanal;
 Vi os Índios Paiaguais, Xaraés e outros, a dançar com a suas vestimentas representativas;   
E, por fim e eu também vi,  a libélula represtada pelo  “Olho de Peixe” que no galho do arbusto conhecido por aqui,  como,  “Assa Peixe”,  “engavetou-se” no arco da apoteose e que se negava a sair, como que querendo eternizar a aquele momento histórico para o povo cuiabano.  
O enredo teve o julgamento com a média acima de 9,0 pontos.

Vamos fazer uma simples reflexão:

      1 – divulgar a história de Cuiabá na maior Rede de Televisão por R$ 3.600.000,00 por uma hora e vinte minutos, equivale a R$ 41.379,31 /por minuto, comparado à campanha publicitária de exclusividade nessa Rede, que na média ultrapassa em muito esse valor por minuto. A divulgação do nome de Cuiabá,  foi também acrescentado no marketing de emboscada, que colocou Cuiabá em forma de notícia  na mídia nacional sem pagar nada;           2 – Quanto é que se gasta com publicidade anualmente na Prefeitura de Cuiabá?  Com propagandas eleitoreiras,  ilegais, disfarçadas e extemporâneas, para propagar obras e serviços realizados, como se não fosse obrigação dos dirigentes do municipal trabalhar.    3 – Enfim, vamos pensar, será  que com os R$ 3.600.000,00, gastos com a divulgação da  história de Cuiabá, não resolveria todos os males acumulados por  administradores pouco inteligente. Será que  daria para acabar com a crise da saúde pública desta cidade, não daria. Todos nós sabemos que inúmeras ambulâncias e micros ônibus descarregam doentes vindos de todo o estado, mas os desgastes só recaem sobre nossa cidade.

Quantos não estarão hoje se posicionando como opositores intransigentes contra Cuiabá, com ações de pouca inteligência, rançosas, maldosas, politiqueiras e danosas falando mal desta cidade disfarçadamente em busca de votos, ou talvez por vícios contumazes de odiar esta terra acolhedora, sem uma reflexão, pois esta história foi escrita antes deles chegarem por aqui, são vários “cientistas políticos ” com conceitos preconceituosos baseados em “achismos”.    
 Será que alguma Rede de Televisão aceitaria divulgar a história e “causos” do povo cuiabano por uma 01h e 27 minutos com exclusividade, pela bagatela de R$ 3.600.000,00, com a possibilidade de atingir milhões de telespectadores no Brasil e no mundo, será?

Divulgar a história de Cuiabá talvez devesse ser uma das principais responsabilidades do poder público municipal, principalmente para contrapor as difamações fortuitas e gratuitas que Cuiabá enfrenta diariamente em alguns meios de comunicações (somente as notícias ruins são divulgadas para outros estados) e diante dos deboches que Cuiabá recebe diariamente nas redes sociais, foi uma forma correta para a divulgação de Cuiabá  numa grande Rede de Televisão,  foi o momento oposto,  e como forma de ênfase utilizando a força da Mangueira que é a Escola de Samba mais popular do Brasil, recebeu o Estandarte de Ouro como a melhor Escola de Samba, o Enredo teve o julgamento com a média acima de 9,0 pontos e o Samba empolgou a Sapucaí,  cantando e contando os “causos” e as histórias que  os nossos ancestrais viveram e que nós cuiabanos continuamos escrevendo diariamente.

Vários críticos tem o direito de se expressar como bem entender sobre Cuiabá.  Eu estarei sempre em defesa na minha terra mãe, cresçam e apareçam. O Ranço contra esta cidade chegou ao cúmulo, ao vermos até um “artiguistas” que colocam um título disfarçado, para desferir um xingamento sobre nossa Cuiabá, mas com certeza Cuiabá  não é aquilo que ele tem na sua pobre caixa craniana.       
“Na benção de São Benedito eu vou
Dançar com o meu amor, o sonho em fim chegou
Ao paraíso, emoldurado em cintilante céu azul
Bendita sejas terra amada!
Do coração da América do Sul”
Salve, salve:  Estação Primeira de Mangueira!

 
Economista Wilson Carlos Fuá – É Especialista em Administração Financeira  e  Recursos Humanos
Ex- Ritmista da Mocidade Independente Universitária
Fale com o Autor: fuacba@hotmail.com – @fuacba

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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