A comemoração do dia 7 de setembro como o dia da independência do Brasil, completando 200 anos da data de hoje, tem estreita relação com a atuação da incipiente Maçonaria brasileira da época, mas que já se destacava pelo ideal de liberdade da terra brasilis por ação de grandes homens maçons daquele tempo.
O ano de 1822 começa com um janeiro conturbado, com o maçom José Clemente Pereira, então presidente do Senado, discursando para que o Príncipe Regente Dom Pedro I não atendesse a Coroa Portuguesa e permanecesse no Brasil. Daí que Dom Pedro I respondeu positivamente a esse apoio afirmando “como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”.
Mais adiante, em maio de 1822, atendendo uma proposição do brigadeiro Domingos Alves Branco, da Loja Maçônica Comércio e Artes do Rio de Janeiro, os maçons locais deram a Dom Pedro I o título de Príncipe Regente Constitucional e Defensor Perpétuo do Reino Unido do Brasil, que foi dado pela maçonaria e pelo Senado, colocando os ânimos entre portugueses e brasileiros em grau máximo de ebulição.
Chegando em junho de 1822, eis que José Clemente Pereira e Joaquim Gonçalves Ledo, maçons de escol, solicitam audiência com Dom Pedro I e apresentam uma exposição de motivos formais para que fosse convocada uma assembleia constituinte, o que leva o Príncipe Regente a comunicar para Dom João VI que o Brasil deveria ter sua Corte e, assim sendo, convocou a assembleia constituinte indicada pelos maçons.
Era necessário formar um Grande Oriente e também em junho de 1822 a Loja Comércio e Artes cria mais duas lojas maçônicas: a Esperança de Niterói e a União e Tranquilidade”. Com três lojas no Rio de Janeiro foi possível a criação do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano, sendo escolhido José Bonifácio de Andrada e Silva o primeiro grão-mestre, Joaquim Gonçalves Ledo o primeiro grande vigilante e o Padre Januário da Cunha Barbosa o seu primeiro orador.
Agosto de 1822 começa com a iniciação de Dom Pedro I na maçonaria e ele adota o nome de Guatimozin, nome dado por cronistas espanhóis ao último imperador asteca Cuauhtémoc. Posteriormente, por força uma estratégia política de Joaquim Gonçalves Ledo o imperador Dom Pedro I é aclamado e empossado no cargo de grão-mestre do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliano, conhecido hoje por Grande Oriente do Brasil.
Em meados de agosto de 1822, o imperador foi a província de São Paulo para cuidar dos descontentes com suas ações em relação a Coroa de Portugal, pois tinha expedido o decreto acabando com o governo provisório da província paulista, onde foi recebido efusivamente na chegada a capital, sendo hospedado no famoso Colégio dos Jesuítas.
E eis que setembro de 1822 chega e logo no seu início, no dia 7 de setembro, quando retornava para o Rio de Janeiro, às margens de um riacho próximo a colina do Ipiranga, recebeu do Major Antonio Ramos Cordeiro e de Paulo Bregaro, dos correios da Corte, as notícias do primeiro ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, com todas as críticas as suas decisões de ficar no Brasil e convocar uma assembleia constituinte.
E segundo o seu confidente, o Padre Belchior Pinheiro de Oliveira, e comitiva que o acompanhava teria dito, desculpada a licença poética: “As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas nossas relações, nada mais quero do governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal. Independência ou Morte!”
A comemoração dos 200 Anos do Dia da Independência do Brasil é também a comemoração dos grandes homens da maçonaria que ajudaram a construi-la de forma bem pensada e paulatina, sem o disparo de nenhum tiro de canhão e sem as perdas de vidas decorrentes de um ato político de exercício pleno da liberdade de um povo.
É como diz o hino da independência: “Já podeis, da pátria filhos, ver contente a mãe gentil. Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil”. E essa liberdade se expressa em cada um dos pacíficos brasileiros que querem o respeito da constituição, das instituições nacionais, do sistema eleitoral e do direito ao voto livre, e do estado democrático de direito. Salve o Dia da Independência do Brasil.
Antonio Horácio da Silva Neto é colaborador especial do Circuito Mato Grosso. Magistrado, iniciou sua carreira jurídica aos 21 anos como promotor de justiça do Ministério Público do Estado de Rondônia. Aos 25 anos ingressou na magistratura no estado de Mato Grosso, onde exerceu cargos como juiz de direito substituto de segundo grau no Tribunal de Justiça, juiz membro do Tribunal Regional Eleitoral e presidente da Associação Mato-grossense de Magistrados.