No dia 31 de julho a noite nos presenteou com a “Lua Azul”, fenômeno raro que se refere à ocorrência da segunda Lua Cheia dentro de um mesmo mês. Ainda que percorra a abóboda celestial com a mesma cor que a lua anterior, não resta dúvida de que duas luas no mesmo mês é algo para se regozijar.
Olhar para o céu é um hábito que vem de tempo imemorial. Na Paraíba, em Pedra Lavrada, por exemplo, há representações do céu gravadas em pedra que indicam o interesse e conhecimento de povos primitivos por corpos celestiais e, em relação à Lua, há inscrições que monstram lunações e os dias de uma fase lunar. Nas sociedades indígenas, a Lua pode representar o sexo masculino ou feminino.
O Nambiquara, que vive em Mato Grosso, se utiliza das fases da Lua para a contagem do tempo em meses. A Lua, o sol da noite, tem designações específicas. A expressão “daqui a uma lua” é empregada para denotar aspectos vistos durante uma lunação. Suas transformações sinódicas são denominadas de “Lua Perdida” (Nova), “Lua Pendurada” (Quarto Crescente), “Lua Redonda” (Cheia) e “Lua Incompleta” (Quarto Minguante).
Para o Tupi-Guarani, o mês começa com o surgimento do primeiro filete da Lua, depois do pôr do sol e do dia da Lua Nova. O Sol e a Lua são considerados irmãos do sexo masculino, sendo a Lua o caçula. Lua e mês têm a mesma palavra: Jacy. O Tupi-Guarani chama o planeta Vênus de “Mulher da Lua”, bonita, vaidosa e eternamente jovem. Só permanece ao lado da Lua, seu marido, enquanto é magro e moço, deixando-o quando fica gordo e velho.
Mas não é somente para os povos indígenas que a Lua traz significados. Na sociedade ocidental, a Lua evoca luz/escuridão para o bem ou para o mal; evoca sentimentos da infância, do lar materno, da mãe; representa o ego. É o astro responsável pela receptividade, imaginação, sensibilidade, hábitos, memória. “Viver no mundo da Lua”, em “Lua de Mel” ou “Acordar de Lua virada”, pouco importa. Prestar atenção nas fases da Lua, num constante vaivém, é um bom prelúdio para recomeçar. Que venham mais Luas Azuis.