Será que entre os políticos realmente se concentra uma quantidade maior de desvios de caráter ou é uma falsa impressão nossa? A pergunta faz sentido porque nas rodas de conversa é recorrente o ataque aos detentores de mandatos e muito raramente aparece alguém que pense diferente.
Uma das possíveis respostas é que eles tenham os mesmos defeitos da média da população a que pertencem. Afinal, antes de serem vereadores, prefeitos, deputados ou senadores, são funcionários públicos, profissionais liberais, empresários, pastores, trabalhadores autônomos, professores, gente comum como nós. Eleitos, seus defeitos apareceriam mais diante da grande exposição pública nos jornais, rádios e televisão. Pode ser também que o meio seja corrompido e que só sobrevive quem se adapta bem a ele. Há ainda a probabilidade de a carreira política ser buscada por pessoas mais dispostas ao confronto, à mentiras, e à troca de ofensas com outros colegas.
Entre os vícios mais frequentes dos políticos está a leviandade. A maioria deles não tem o menor escrúpulo de insensatamente atacar seus adversários ou instituições com mentiras grosseiras. Lembram-se da cruzada do ex-presidente Bolsonaro criticando a vacina que afinal salvou inúmeras vidas e detonando as urnas eletrônicas sem nenhuma evidência?
Mas, escapando de um insensato elegemos um imprudente. Agora temos que suportar um verborrágico imoderado com sua tagarelice incômoda. Lula, que só sabe falar em tom de discurso com sua voz desagradável, frequenta diariamente os noticiários da televisão exibindo a insensatez que a idade deveria amenizar, mas que ao contrário amplia. Há poucos dias ele afirmou, sem nenhuma prova, que uma mansão em Miami habitada por parentes do Cel Mauro Cid, é na verdade propriedade do Bolsonaro.
Estes casos de dois exemplares da política nacional que sempre viveram dentro dela sugere que o sucesso e a permanência em cargos públicos são beneficiados pelo uso e abuso da leviandade.
Não estou afirmando aqui que todos os políticos são mentirosos e imoderados, felizmente existem exceções para garantir que a política não é inerentemente perversa. Mas, parece que quando a caixa de pandora – segundo a mitologia grega – com todos os seus vícios foi aberta os que se fartaram deles, principalmente da leviandade, prosperaram e são os longínquos avós dos políticos de hoje.
A caixa de Pandora tinha uma única virtude – a esperança. Os que se agarraram nela esperando que o Lula tivesse adquirido com o tempo as virtudes necessárias a um presidente, se frustraram. Mas a vida continua e a esperança ainda existe. Daqui a quatro anos o guri da Janja terá outro encontro com o povo.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor