O gordinho Kim-Jon-Um da Coreia do Norte de simpático só tem a bochecha gorducha de bebê saudável. Na verdade é um cruel ditador que não poupa qualquer desvio, mesmo os de seus parentes mais próximos.
Mas, o aspecto de sua personalidade que interessa para este artigo é sua desmedida vaidade. Consta que ele exige a exposição, em todos os lares do país, de uma fotografia sua devidamente emoldurada, que deve ser colocada no local mais visível da casa e mantida com especial zelo e observada com respeito, detalhes que estão sujeitos a fiscalizações periódicas.
Este pormenor da fotografia como culto à personalidade chamou-me a atenção quando a nossa primeira dama ofereceu, embrulhada em papel de presente, um retrato de cada ministro no ato da posse, junto com o presidente Lula. Claro que ela não exigiu a exposição das tais fotos nos gabinetes de trabalho ou nas casas, mas estava ali uma mensagem subliminar: “o rei quer ser lembrado sempre”.
Pode ser uma implicância minha, mas a recorrente presença da primeira dama em todos os eventos de que o Lula participa e o cuidado dela com sua imagem (dele) sugerem um plano para criar um novo mito na política brasileira.
Mas isto é perfumaria diante de coisas mais graves que estão acontecendo. A principal delas é o embarque apressado da mídia televisiva no projeto de endeusamento do presidente recém empossado, esquecendo que a principal missão do jornalismo é cobrar os políticos que estão no poder e olhar criticamente as atitudes deles.
Tem mais. O presidente Lula com as velas infladas pelo vento favorável, está deixando de lado alguns cuidados necessários, principalmente para quem ganhou a eleição por margem tão pequena e precisa conseguir novos apoios para fazer um bom governo.
Um dos deslizes é não aproveitar os momentos que tem para “cultivar” um melhor relacionamento com o agronegócio, incontestável motor da economia brasileira e forte opositor do atual governo. Ele (o Lula) precisa deixar bem claro para a sociedade brasileira que a maioria absoluta dos agropecuaristas concorda inteiramente com as leis ambientais e que se existem alguns maus ruralistas é porque nenhuma classe é totalmente homogênea e os discordantes podem ser encontradas no comércio, na indústria e no setor de serviços. Não dá para colocar no mesmo balaio o empresário responsável e um desmatador inconsequente.
Outro erro que pode custar caro é a incontinência verbal quando se refere às Forças Armadas. Depois da presepada dos vândalos em 08 de janeiro ele tem manifestado uma desconfiança generalizada com os militares o que está gerando um desconforto na caserna.
Mas tem um pecado maior: o Presidente Lula está jogando no lixo a possibilidade única de começar um processo de pacificação do País. Só ele tem o poder de diminuir o ódio que descontroladamente grassa na nação inteira. Mas, ao contrário de esquecer o passado para iniciar uma nova era de paz, não se cansa de desenterrar defuntos e buscar culpados.
Incriminar o antecessor, independentemente do que ele tenha feito, só serve para acirrar os ânimos já suficientemente exaltados. Parece-me um erro grosseiro e um risco desnecessário estimular o grito “sem anistia” da esquerda mais vingativa.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor