A grande imprensa nacional tem especial prazer em malhar o agronegócio brasileiro, principalmente os agropecuaristas do centro-oeste, que são os maiores e mais produtivos do País.
Mas, os jornalistas e colunistas não têm suficiente conhecimento para desmerecer o ruralismo brasileiro. Atacam às vezes com argumentos tão frágeis que deixam transparecer o viés ideológico, ignorando o princípio básico do jornalismo que manda seus profissionais se inteirarem da matéria sobre a qual vão escrever.
Quatro produtos agropecuários são sempre demonizados por profissionais tendenciosos: soja, bovinocultura de corte, milho e cana.
Sobre a soja, dizem que ela tem pouca utilidade para a alimentação humana e que a maior parte vai para o consumo de animais, o que é somente meia verdade. O que a imprensa omite, por conveniência ou ignorância, é que, o que deixa de ser consumido diretamente por nós, é usado como alimentação dos animais, que depois nos alimentam.
A ojeriza que eles tem dos bovinos produtores de carne não se estende ao gado leiteiro. Parece que o “pecado” de comer uma picanha é maior que traçar uma pizza de moçarela no fim da tarde. Alegam preocupação ambiental para recusar a carne, sem saber que é um motivo totalmente infundado, pois os bovinos só emitem para a atmosfera o CO2 que dela capturaram. Assim não acrescentam nada ao aquecimento da terra.
Falam com desdém das cidades campeãs na produção de grãos e carne do Centro-oeste, como Sorriso (MT) maior produtora de milho e soja; Corumbá (MS) com seu rebanho bovino, mas ao mesmo tempo louvam as do sul e sudeste: Toledo (PR) com milhões de frangos, Bastos (SP) que oferece bilhões de ovos anualmente, Castro (PR) com seus laticínios. Todas dependentes de soja e milho.
Maldizem os bovinos de Mato Grosso, mas louvam as indústrias de calçados de Franca e outras no estado de São Paulo, esquecendo que elas dependem do couro que sai daqui.
Os frangos do Paraná, os ovos de São Paulo, os porcos de Santa Catarina seriam totalmente inviáveis sem o milho e o soja do Centro Oeste, sem falar na enorme colaboração para a exportação brasileira.
Articulistas dos grandes jornais tem também mórbido prazer em destacar o lucro do agronegócio, que consideram alto, mas se calam quanto ao rendimento das indústrias, do setor de serviços e do comércio que prosperam nos maiores centros do país.
É bom lembrar que os jornalistas mais contundentes moram nas grandes cidades, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo e nada sabem de boi soja e milho.
Por último, há os que condenam a cana de açúcar, como se ela fosse uma mono cultura malfazeja. Na verdade é uma excelente colaboradora do clima, evitando diariamente a extração de milhões de barris de combustível fóssil para abastecer os tanques dos veículos que rodam pelo país. O álcool movimenta milhares de carros e participa com 27% na mistura com a gasolina comum. Assim a cana de açúcar evita a extração de petróleo do subsolo e consequente dispersão de CO2 na atmosfera.
Renato de Paiva Pereira – empresário e escritor