Na aula de ontem sobre coaching de vida, algo que sempre choca os alunos é quando falo sobre a energia do ‘quase’. O que é a energia do ‘quase’? É o morno, mais ou menos, bege, fubá. Qual o perigo desta energia? A pouca reserva dela.
Quando estamos ‘sobrevivendo ’, qualquer problema nos derruba, me lembrei de um texto da Marina Colasanti: “… Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.[…]
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. […] Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma, para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e baioneta, para poupar o peito .
A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto se acostumar, se perde em si mesma.” O que energiza? Na maioria das vezes o que realmente nos energiza, aquela energia que dura não a adrenalina do prazer momentâneo, custa pouco.
Música, cozinhar, ler, conversar, contemplar, pintar, dançar etc. Atraímos semelhantes na maioria das vezes, e como somos energia pura, essa atração acontece de acordo com o que emito.
Fique atent@. A vida é um presente muito raro para ser ‘bege’.
Namastê.