O 2 de abril é Dia Internacional do Livro Infantil. No Brasil, uma data quase esquecida, mais ainda em tempos de pandemia. Em se tratando do ensino fundamental e médio, instituições de ensino público carecem em alto grau de ações educativas que atendam demandas regionais, ampliando o abismo entre escolas públicas e privadas.
A data refere-se ao nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), um do mais famosos nomes da literatura infantil mundial. Escreveu O abeto, O patinho feio, A caixinha de surpresas, Os sapatinhos vermelhos, O pequeno Cláudio e o grande Cláudio, O soldadinho de chumbo, A roupa nova do imperador, A pequena sereia, dentre outros. São mais de 200 histórias publicadas em livros de poesias, romances, relatos de viagem, contos infantis. Foram os livros infantis que levaram Hans à excelência. Naquela época, era incomum a Literatura dedicar-se exclusivamente às crianças.
O conjunto de sua obra reflete a vida social de seu tempo. Ainda que seus contos sejam para o público infantil, Hans Christian Andersen atentou-se para as relações de conflito e de dominação estabelecidas pelos detentores de poder àqueles forçados à sua submissão – ricos e pobres. O escritor dinamarquês acreditava na possibilidade de haver igualdade de direitos entre os homens.
Por tão bem saber lidar com crianças, apresentando-lhes temas tão caros à dignidade humana, Hans Christian Andersen me leva à Equipo Plantel, autora do livro A ditatura é assim. O livro, publicado inicialmente na Espanha, em 1977, está entre os melhores livros infantis de 2016, conforme especialistas. Em tempos de liberdades ameaçadas, em que pessoas bradam pelo retorno da ditadura, o livro esclarece ao público infantil (indicado para 8 a 10 anos) “o funcionamento e os perigos da ditadura partindo de exemplos simples, a fim de que as crianças compreendam o problemas existentes em um sistema político que privilegia uma única corrente de pensamento em detrimento das outras.”
Uma questão central que permeia o livro: “Pode haver liberdade ou justiça em uma ditadura?” Em suas páginas, ricamente ilustradas por Mikel Casal, o conceito de ditadura é esclarecido à criançada. Desde 2015, a Editora Boitempo disponibiliza uma versão em português, quando autor e ilustrador atualizaram a galeria dos diversos ditadores espalhados por este mundo afora: Idi Amin Dada, Stálin, Mussolini, Hitler, Salazar, Franco, Fulgencio Batista, Stroessner, Pinochet, Saddam Hussein, dentre outros. Que figuras ditadoras brasileiras desfilam nessa galeria? Vale a pena conferir.
Vamos comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil todos os dias, seja com o conjunto da obra de Hans Christian Andersen, que se tornou patrimônio da literatura mundial, seja com a Equipo Plantel, seja com autores locais, de nossa região. Ah! O acesso ao livro precisa ser urgentemente democratizado. Em falar nisso, a editora espanhola disponibiliza gratuitamente Así es la dictadura (https://didacticaccss2.files.wordpress.com/2019/05/asc3ad-es-la-dictadura.pdf).