Com atraso e ainda timidamente, a grande imprensa nacional começa a entender que deu muita corda para as ideias levianas da turma mais radical do ambientalismo. Entretanto, ainda não admitiu ou confessou que foi ingênua ou tendenciosa divulgando sem filtros as alucinações dos verdes mais exaltados.
Por anos, a mídia (nacional e internacional) amplificou vozes que apontavam o setor agropecuário como o maior culpado das mudanças climáticas.
Jornais, TVs, rádios e sites que antes reproduziam sem críticas as acusações contra o agronegócio, agora apresentam uma visão mais equilibrada e investigativa. O Estadão – jornal que fez dia quatro 149 anos – trouxe um texto “opinião do jornal” em 02/01/24 onde, ouvindo o embaixador Roberto Azevêdo, faz duras críticas à leviandade da esquerda verde, inimiga do agro.
Essa mudança de percepção aparece também em eventos internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 28). Neste fórum global, há um reconhecimento crescente de que os combustíveis fósseis são os maiores culpados das mudanças climáticas. A indústria de petróleo e gás, responsável por uma parcela substancial das emissões de gases de efeito estufa, está no centro das discussões sobre como desacelerar o aquecimento.
Parece que finalmente o debate sobre as mudanças climáticas começa a ser conduzido de maneira justa e baseado em evidências. O agronegócio, por certo, comparecerá ao debate na busca por soluções.
A ideia de que este setor é o principal responsável pelas mudanças do clima é, no mínimo, uma grande injustiça. Esse modismo de culpar a agropecuária, ignora os esforços de agricultores e pecuaristas que adotam práticas que conservam o solo e a água e se esforçam para diminuir os impactos de suas atividades.
Além disso, os inimigos do agro não reconhecem a importância do setor para prover o mundo da necessária alimentação. Discursos do Lula e da Marina mostram que a imprensa está na frente deles, começando a absolver os ruralistas de um pecado que não cometeram.
Tenho admiração pela trajetória da Ministra Marina Silva, afinal quem era analfabeta até os quinze anos, tinha tudo para terminar seus dias coletando látex das seringueiras nativas do seu estado. Mas ela estudou e tornou-se o que é hoje. Todavia, acho temerário deixá-la na Secretaria do Meio Ambiente, onde suas ideias radicais têm potencial de causar grande estrago para o agro brasileiro.
O contraponto que alivia um pouco a situação é o tamanho e a coesão da bancada ruralista no Congresso Nacional, o que afasta, pelo menos por enquanto, o risco de a Marina tentar exportar o modelo de Xapuri para o país inteiro.
Seu sonho (dela,Marina) – se me permitem o chiste – seria converter as modernas fazendas de soja e de algodão em imensas florestas, iguais às que recorda da infância, transformando os nossos ruralistas em colhedores de açaí, castanha e cupuaçu.
Renato de Paiva Pereira
Foto: reprodução Revista Fator Brasil