Contar histórias é um exercício que exerce fascínio nos adultos e nas crianças. As histórias nos permitem fazer as malas do pensamento e viajar por mundos totalmente desconhecidos. Experimentamos sensações, visualizamos locais maravilhosos, deparamo-nos com situações inéditas, tomamos conhecimento de problemas e soluções que nunca havíamos pensado.
As Mil e Uma Noites é uma coleção de histórias e contos populares (incluindo o folclore indiano, persa e árabe) do Médio Oriente e do Sul da Ásia, compilada em língua árabe a partir do século IX. No mundo ocidental, a obra passou a ser amplamente conhecida a partir da tradução do francês realizada por Antoine Galland, transformando-se num clássico universal.
Na coleção, as histórias são contadas por Sherazade, esposa de um rei enlouquecido, que para adiar sua execução conta histórias maravilhosas sobre diversos temas que captam a curiosidade do rei; Sherazade interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte, o que a mantém viva ao longo de “mil e uma noites”, ao fim das quais o rei já desistiu de executá-la.
É bem provável que esta mulher que conta histórias para adiar o dia de sua morte seja a contadora de histórias mais conhecida pelo mundo. Quando Sherazade contava, quem ouvia se esquecia de tudo, de quem era, do que era, se sentia fome ou sono.
Num passado mais recente, as amas de leite e as avós narravam histórias ao pé do ouvido. José Lins do Rego, em Meus Verdes Anos, fala das coisas que ouviu da velha Totônia, histórias que produziram o maravilhamento do menino e o abrandamento do seu sofrimento, em uma infância marcada por dores e perdas.
Não podemos negar o fato de que todos nós gostamos de ouvir uma boa história porque alimenta nossa imaginação, nos ajuda a resolver conflitos e construir o senso crítico.