A indefinição chegou ao fim. Após o término da eleição que determinou Arnaldo Barros presidente eleito para o biênio 2017/18 e o início da formação da diretoria de futebol do clube rubro-negro, o Sport começa a pôr em prática o planejamento para a temporada de 2017. No início da tarde desta segunda-feira, um novo passo cumprido. E talvez o mais aguardado deles no momento. Anunciado pelo clube, aos 34 anos, o ex-volante e ex-assistente Daniel Paulista vai mesmo assumir o comando técnico da equipe rubro-negra para o próximo ano.
Três profissionais ainda serão contratados para compor a comissão técnica de futebol: mais um preparador físico e dois assistentes técnicos. Thiago Duarte, que estava como auxiliar técnico, volta a ocupar o cargo de analista de desempenho. "Conversamos com vários nomes e Daniel teve a preferência de toda a diretoria. Ele tem muita personalidade e está muito preparado. Temos a consciência e convicção de que ele pode fazer um grande trabalho no Sport", afirmou o vice-presidente de futebol, Gustavo Dubeux, em entrevista ao site oficial do clube.
Antes da escolha, o clube ainda cogitou outras possibilidades, sondando os treinadores Ney Franco e Adilson Batista, que chegou a vir ao Recife na quinta-feira para uma reunião com a diretoria rubro-negra. A notícia, no entanto, foi recebida pela torcida com certa certa rejeição quanto ao nome, fazendo a diretoria repensar. Agora, cabe ao Sport correr atrás do tempo perdido fora da movimentação do mercado de transferências mediante o longo período de indefinição.
Pouco antes de ser confirmado oficialmente pela diretoria rubro-negra, Daniel Paulista disse, em entrevista ao Superesportes, estar preparado para o desafio. "Me anima, me deixa bastante feliz (sobre a então essa possibilidade). Mas da mesma forma como assumi há dois meses, sei do tamanho da responsabilidade, sei do compromisso que terei caso eu venha a ser confirmado. Mas me encontro preparado para isso. Já demonstrei todo meu trabalho na reta final da Série A, na minha visão fiz um bom trabalho. Se eu for confirmado é seguir o trabalho já iniciado. Não tem que iniciar tudo do zero. Continuaremos o planejamento", pontuou.
A figura de Paulista, claro, não é desconhecida pelos rubro-negros. Os trabalhos do técnico no clube não iniciaram de agora. Titular absoluto da equipe que sagrou-se campeã da Copa do Brasil 2008, após pendurar as chuteiras, Daniel retornou exercendo uma nova função. Chegou em julho de 2014 para um estágio, agradou e acabou sendo efetivado pela diretoria leonina como auxiliar do na época treinador do Leão Eduardo Baptista.
Dois anos depois da adesão à comissão técnica leonina, Paulista estreou como técnico efetivado. Antes, havia sido encabido da responsabilidade de pôr a equipe em campo somente como interino em situações excepcionais. Na reta final do Brasileiro 2016, no entanto, a saída repentina de Oswaldo de Oliveira para o Corinthians deixou a diretoria sem muitas opções, visto que as eleições do clube em dezembro deste ano impediam a proposta de contrato extenso à qualquer treinador procurado pelo Leão.
Experiência aprovada
Restando oito jogos para o término do campeonato, o Sport ocupava a 16ª colocação, contando com apenas um ponto de vantagem para o Internacional, que abria a zona de rebaixamento. Oito finais. Que Paulista acatou e, para alguém encarando sua primeira oportunidade, terminou a temporada com números bons. Registrando as necessárias quatro vitórias, um empate e três derrotas, finalizou a Série A com um aproveitamento de 54%. Com o último triunfo sobre o Figueirense, na Ilha do Retiro, pela derradeira rodada da competição, garantiu a permanência do Leão na Série A pelo quarto ano seguido e, ainda, devido à combinação de resultados da rodada final, acabou angariando a última vaga disponível para a Copa Sul-Americana 2017.
A decisão da diretoria de apostar em dar continuidade ao trabalho de Paulista para o próximo ano, por outro lado, assume seus riscos. Ainda traçando seus primeiros passos como técnico, o ex-atleta registra somente nove partidas na beira dos gramados. Não à toa, antes de efetivar o treinador para a disputa da reta final decisiva para a permanência do Leão na Série A, os diretores não esconderam o receio de deixar nas mãos de um iniciante o destino do clube. A decisão, inclusive, só foi bancada por conta do aval do elenco. Ideia teve respaldo das lideranças do Rubro-negro, entre elas o goleiro Magrão, o volante Rithely, o zagueiro Durval e o meia Diego Souza.
Nada inusitado
Vale lembrar, no entanto, que o caso não é nada inusitado. A medida já foi tomada anteriormente pela diretoria rubro-negra quando, em fevereiro de 2014, o ex-preparador físico do Sport Eduardo Baptista seguiu os passos do pai e foi efetivado na função de treinador. Na ocasião, assumiu anteriormente como interino por apenas três confrontos, que resultaram em três vitórias consecutivas. Participou das montagens de elenco desde o início das temporadas de 2014 e 2015, deixando para o clube a marca de melhor campanha (6ª posição) desde que o Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos.
Dois times
A decisão por Paulista como técnico, ainda, põe em questão uma das medidas já estabelecidas pela diretoria para a próximo temporada. Isso porque, de acordo com o presidente eleito Arnaldo Barros, definiu-se que o Rubro-negro iniciará 2017 disputando suas respectivas competições com dois times, considerando que a Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano formarão um calendário apertado no próximo ano, ocasianando, por isso, no maior desgaste dos atletas.
Como já ressaltava seu ponto de vista antes da eleição, o mandatário reafirmou a disputa do estadual com jogadores do sub-20 leonino. Dessa forma, uma possibilidade era de que a equipe principal, que disputará o Nordestão, ficasse sob o comando de um técnico. Enquanto o Pernambucano passaria a encargo de um segundo. Uma das possibilidades levantadas seria de que Paulista assumiria esta segunda equipe, deixando a principal sob responsabilidade de um treinador mais experiente.
Fonte: SuperEsportes