Cidades

UFMT a maior usina social de Mato Grosso

Foto: Ahmad Jarrah 

Era 10 de dezembro de 1970 quando o médico Gabriel Novis Neves assinava a criação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Hoje, 46 aos depois, a instituição federal acumula histórias que permeiam desde antes de sua criação até os dias atuais, tendo sua trajetória, muitas vezes, confundida até mesmo com a do próprio Estado, uma vez que tenha participado efetivamente da divisão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ao Circuito Mato Grosso, o Dr. Gabriel Novis Neves diz considerar a UFMT a maior usina social montada no Estado e que sua instalação foi de extrema importância para o desenvolvimento de mato Grosso.

Ele conta que antes da divisão do Estado – que até então não tinha uma universidade – a ideia de uma educação ampliada já começava a ser pensada pelo então governador Joaquim Augusto da Costa Marques. Costa Marques havia pensado que a educação precisava de um palácio, assim como a sede do governo, a dos deputados e dos juízes. Dr. Gabriel Novis Neves conta que Costa Marques contratou uma empresa do Rio de Janeiro para a construção do Palácio da Instrução. “Aí que o ensino em MT começou a ser desenhado”, explica Novis Neves.

Já no ano de 1966, Gabriel relata que havia institutos de ensino em todo o Brasil que portavam estruturas físicas suficientes para se tornarem universidades, como no caso de Mato Grosso. “Nós sabíamos que um dia esses institutos seriam transformados em universidades até por conta da estrutura. De lá pra cá a ideia foi amadurecendo e surgiu a necessidade da criação de uma universidade em Mato Grosso”.

Época em que, também, surgiram os ideais de se dividir Mato Grosso em dois. “Apesar de a capital ser em Cuiabá  –  e a universidade precisava ser na capital – Campo Grande tinha uma força política muito grande na época e queria passar por cima da Constituição, levando a sede da universidade para Campo Grande”.

Com ironia, conta que a Universidade Federal de Mato Grosso é a maior cuiabana  ‘pau rodada’, pois nasceu em Campo Grande. “Um dia esse projeto foi desengavetado e a nossa universidade cuiabana nasceu em Campo Grande – o maior ‘pau rodado’ que tem aqui é a UFMT que nasceu em Campo Grande. Chega a ser engraçado, a nossa universidade nasceu no dia 10 de dezembro de 1970, mas em Campo Grande. Eu era secretário de educação e tive a sorte de assinar a criação da universidade”, conta.

Em seu discurso na ocasião da fundação da UFMT, o então Governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian, assim se expressou: “eu tenho uma confiança tal que posso afirmar que a Universidade Federal de Mato Grosso é uma das maiores aquisições para esta terra. Afirmo que ela dará mais condições humanas ao local…Tenho a esperança de que vocês construirão o futuro do Brasil.”

Dr. Gabriel se considera apenas um ‘pedreiro’ que participou da construção da UFMT – que foi sagrada graças ao empenho e esforço de outros intelectuais da época. “Ainda bem que a nossa universidade conseguiu sobreviver e hoje ela está esbelta, linda. Fui apenas o pedreiro, o construtor. Muitas outras pessoas estavam envolvidas cuidando da parte jurídica, administrativa, financeira. Não é uma luta minha, eu me considero uma peça nesse grande grupo de intelectuais responsáveis pela criação da maior usina social montada em Mato Grosso”.

Hoje aos 81 anos, Gabriel Novis Neves afirma que se sente grato ao ser reconhecido como, em suas palavras, o ‘velhinho da universidade’. Mas considera que esse mérito é do grupo que assumiu os riscos da época. “Hoje é muito gostoso você ir a uma repartição pública, a um hospital e ser reconhecido como o velhinho da universidade. Isso dá uma satisfação muito grande, mas é um mérito de um grupo que assumiu todos os riscos”.

Levando a universidade no sentido figurado de uma semente que foi plantada e vingou, Novis Neves conta que, assim como uma planta, a UFMT deve ser adubada e corrigida de vez em quando. “A semente foi plantada e ela vingou. Agora tem que adubar e corrigir aqui e ali. Os tempos são outros e a universidade precisa acompanhar essas evoluções. Universidade é uma coisa eterna e fica pra sempre, é uma coisa imortal e eu sei que não estarei aqui no centenário dela, mas sei que os esforços valeram a pena”, finaliza.

UFMT HOJE

A atual reitora da UFMT foi empossada no dia 14 de outubro. A professora Myrian Thereza de Moura Serra irá liderar a instituição pelos próximos quatro anos ao lado do também eleito vice-reitor Evandro Silva. Coordenador do curso de graduação em Engenharia Elétrica do Campus de Cuiabá arte então. Myrian Serra falou dos desafios que encontrará na sua gestão, mas ressaltou sua determinação em enfrentá-los com o apoio da comunidade acadêmica. “Vamos construir nossa gestão junto com a comunidade, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade”.

A UFMT é a mais abrangente instituição de ensino superior de Mato Grosso. Atualmente, conta com 34.654 alunos, distribuídos em 106 cursos de graduação e 60 de pós-graduação, distribuídos nos Campus de Cuiabá, Várzea Grande (em fase de construção), Rondonópolis, Sinop e Araguaia (unidades de Barra do Garças e Pontal do Araguaia).

A única universidade federal de Mato Grosso também foi, durante muitos anos, a única instituição de ensino superior do Estado. Com 3.480 servidores, entre docentes e técnico-administrativos, constitui presença marcante no cenário socioeconômico e cultural de Mato Grosso não apenas pela colocação no mercado de trabalho de dezenas de milhares de profissionais graduados e pós-graduados, como também pelas suas atividades de pesquisa e extensão.

A UFMT também está presente em 17 polos de educação a distância, tem uma base de pesquisa no Pantanal e fazendas experimentais em Santo Antônio do Leverger, a 30Km de Cuiabá e em Sinop, dois hospitais veterinários (Hovet) e o Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), que opera 100% no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para apoiar o ensino, a pesquisa e a extensão, a UFMT possui ainda herbário, biotério, zoológico, ginásio de esportes, parque aquático, museus, teatro e o maior sistema de bibliotecas do Estado.

EVENTOS EM COMEMORAÇÃO

As comemorações desse quase meio século contam uma extensa programação de atividades culturais gratuitas e abertas para a população. Dentre elas, estão incluídas apresentações musicais, mostra audiovisual, exposição artística e fotográfica, oficina de capoeira, palestra, homenagens e lançamentos de livros e DVD.

O tradicional presépio natalino, juntamente com a representação no nascimento de Jesus Cristo, abriu a programação. O presépio está localizado entre o Parque Aquático e a Guarita I do Campus de Cuiabá. O trabalho artístico foi elaborado por alunos integrantes dos projetos da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev), sob a coordenação da supervisora do Museu de Arte e Cultura Popular (MACP), Sílvia Aragão.

Atrações musicais: Nos dias dez e 11 de dezembro, o Coral da UFMT, regido pela maestrina Dorit Kolling, apresenta um show cantando apenas músicas dos Beatles. O espetáculo acontece no Teatro Universitário, a partir das 20h.

No dia (18), a Orquestra Sinfônica da Universidade promove uma apresentação em Chapada dos Guimarães. Regida pelo maestro Fabricio Carvalho, ela levará o espetáculo “Trilhas de cinema” à Praça do Festival, a partir das 18h.

Centro Cultural: O Centro Cultural da UFMT também conta com uma diversificada programação cultural. No dia sete de dezembro, aconteceu a oficina de capoeira Angola e o (Re)Percute. No dia (13), a partir das 18h, o diplomata Vicente Amaral Bezerra, segundo secretário do Ministério das Relações Exteriores, profere a palestra “Política externa e diplomacia brasileira.”

Já entre os dias 12 e 13, O Cineclube Coxiponês realiza a mostra "Latitude 15º”. No primeiro dia, a apresentação acontece 19h. Já no segundo, às 20h. O objetivo da mostra é apresentar ao público um pequeno panorama da diversidade de produtos audiovisuais mato-grossenses. O nome – Latitude15º – faz referência à coordenada geográfica onde se localiza Mato Grosso. Durante os dois dias serão exibidas curtas de até 30 minutos nos gêneros ficção, documentário, experimental e vídeo-arte, da categoria curta-metragem, filmes com duração de até 30min.

Artes: O MACP apresentará a exposição “Materiais Táteis e a obra de João Sebastião da Costa”. A apresentação é resultado do projeto de mestrado da professora Silvia Mara Davies, ainda em andamento no programa de pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO). A exposição poderá ser visitada entre cinco e nove de dezembro, das 7h às 11h30 e das 13h30 às 17h30.

Já o Herbário da UFMT, localizado no antigo prédio do CCBS II recebe, no mesmo período, a exposição fotográfica “Aspectos da vegetação e flora de Mato Grosso”. Com curadoria da professora Temilze Gomes Duarte, a visitação acontece das 8h às 11h e das 14h às 17h.

Homenagens e lançamentos: No dia 14 de dezembro, a partir das 17h30, o Foyer do Teatro Universitário receberá uma série de celebrações: o centenário de Luis-Philippe Pereira Leite, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, dos acadêmicos Ubaldo Monteiro da Silva e Gervásio Leite, do poeta Manoel de Barros e da revista “A Violeta”, do Grêmio Júlia Lopes. Além disso, também serão celebrados os 40 anos do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da UFMT.

Na oportunidade haverá o lançamento dos livros: Apesar do Amor, de Marli Walker; Brasil em números de 2016, publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e do DVD da revista A Violeta, coordenado pela professora Elizabeth Madureira Siqueira. O evento contará com a apresentação da Orquestra Cuiabana de Choro.

(Com assessoria)

Raul Bradock

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