Todos no Arruda assumem uma parcela da culpa pelo rebaixamento do Santa Cruz à Série B. Direção de futebol, presidente, comissão técnica e elenco dividem cada demérito da campanha. Uns erraram mais, outros menos. Entre aqueles com menor responsabilidade pela queda, porém, estão os jogadores do setor de ataque. A uma rodada do fim do campeonato, o setor acumula números razoáveis. A goleada por 5 a 1 sobre os reservas do Grêmio, na rodada passada, foi só mais um indicativo da importância que os atletas da linha de frente coral podem ter para um 2017 na Segunda Divisão. Mantê-los no clube, no entanto, será uma tarefa complicada.
O Santa Cruz fez 45 gols no Brasileiro e é o décimo time de melhor ataque na competição em números absolutos, ao lado do Cruzeiro. Deles, 33 saíram dos pés dos atacantes, ou seja, 73,3% do total. São 13 de Grafite, dez de Keno, seis de Arthur, três de Bruno Moraes e um de Lelê, que não integra o elenco desde setembro ao ser emprestado para o Ceará. O vínculo desse último com o Tricolor se encerra no fim deste ano e uma renovação não é cogitada pela diretoria, pelo menos por enquanto. O intuito da cúpula coral, contudo, era de seguir com todas os outros jogadores do ataque. Todos os que fizeram gols, aliás.
Marion e Wallyson, os outros dois atacantes do elenco que não balançaram as redes no Brasileiro (e tampouco tiveram atuações convincentes), já deixaram o Arruda. Com pré-contrato assinado com o Palmeiras, Keno já está de férias e o Santa Cruz aguarda apenas um valor de cerca de R$ 690 mil por uma “taxa de vitrine” que tem a receber do São José-RS, dono dos direitos econômicos do atacante. Arthur, por sua vez, se valorizou no mercado e, segundo informações apuradas pela reportagem, o Londrina não deve aceitar um reempréstimo ao Tricolor.
Com contrato expirado, Bruno Moraes ainda necessita de um aditivo contratual até para enfrentar o São Paulo no próximo domingo, no Pacaembu. Mas, de antemão, o “General" sinalizou que não seguirá no Arruda em 2017. “Não tenho nada certo, mas é bem provável (que eu saia)”, declarou. Preferiu não especificar o motivo que o faria deixar o Mais Querido. “Meu empresário é quem cuida disso. Só acabando (o Brasileiro) é que me encontro com ele”, emendou.
Com contrato vigente até dezembro do ano que vem, Grafite é o atleta do setor, hoje, com mais chances de continuar no Tricolor. Para tanto, precisaria diminuir o seu salário. Ele já disse que aceitaria a redução e aguarda agora um posicionamento da direção. “A expectativa é, quando terminar o último jogo (da Série A), possamos ter definido o nosso futuro no clube”, falou.
Grafite está na briga para ser o goleador da Série A. Com um gol a menos que o artilheiro Fred, do Atlético-MG, ainda pode igualar o feito de Ramón, único artilheiro do Santa Cruz na história do Brasileirão, em 1973. De quebra, tem a chance de se tornar o segundo jogador da história tricolor com mais gols numa única edição do campeonato. O camisa 23, no entanto, revelou desmotivação para bater as marcas após a tragédia com o avião da Chapecoense.
Os gols do Santa Cruz na Série A
Zagueiros: Nenhum gol marcado
Laterais: 4 gols
Tiago Costa (2), Roberto (1) e Vitor (1)
Meio-campistas: 8 gols
Léo Moura (3), João Paulo (2), Pisano (1), Marcílio (1) e Fernando Gabriel (1)
Atacantes: 33 gols
Grafite (13), Keno (10), Arthur (6), Bruno Moraes (3) e Lelê (1).
Fonte: Super Esportes