Foto Marcos Alves/ Ag. O Globo
CURITIBA — Os acordos de delação premiada dos 77 executivos da empreiteira Odebrecht, incluindo os ex-presidentes Marcelo e Emílio Odebrecht, devem reunir mais de 300 anexos, de acordo com fonte ligada à Lava-Jato. Cada anexo apresenta um determinado assunto ou pessoa envolvida nos atos de corrupção investigados pela Policia Federal e pelo Ministério Público Federal no âmbito da operação. Os documentos também elencam os elementos e provas que serão apresentados para embasar o processo delatório.
Nos anexos, os executivos detalharam o que pretendem entregar aos investigadores em troca da redução de pena, caso os acordos sejam posteriormente homologados pela Justiça. No caso de Marcelo, por exemplo, a pena deve passar de 19 anos e quatro meses para uma um total de 10 anos, na qual ficará na prisão até o final de 2017, com o resto do período dividido entre prisão domiciliar, regimes semiaberto e aberto.
Advogados que participaram das negociações afirmam que o conteúdo dos anexos é quente e deve dar o que falar no meio politico. Há casos em que um só funcionário assinou 15 anexos, segundo fontes ligadas à investigação. Centenas de políticos de vários partidos devem ser citados, incluindo alguns da base do presidente Michel Temer (PMDB) e da oposição.
Os 77 acordos de delação dos funcionários da Odebrecht foram assinados entre esta quinta e sexta-feira desta semana. Os depoimentos devem começar a ser prestados na semana que vem. Os executivos serão ouvidos em Curitiba, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades onde mantêm residência.
Os três últimos líderes da maior empreiteira do país, que comandaram a Odebrecht entre 1991 e 2015, fecharam acordos de delação. Além de Emílio e Marcelo Odebrecht, Pedro Novis (que antecedeu Marcelo na presidência do grupo) concordou em contribuir com as investigações relatando como era a dinâmica do relacionamento da empreiteira com o poder público nesse período e os atos de corrupção envolvidos na dinâmica.
As negociações para as delações premiadas se arrastaram por cerca de nove meses. No início, a empresa se recusava a admitir a prática de ilegalidades. Marcelo chegou a dizer em depoimento prestado à CPI da Petrobras que se negava a fazer delação por “não ter o que dedurar”. Agora, o time de defensores da empreiteira considera que os acordos foram uma saída razoável para a empresa e para os executivos.
Fonte: O Globo