O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que no Brasil existem 896,9 mil índios, pertencentes a 305 etnias, falantes de aproximadamente 274 línguas que integram um acervo precioso de quase 7.000 línguas faladas no mundo. No Brasil, calcula-se que cerca de 1.000 delas se perderam em consequência da morte dos índios em decorrência da violência, epidemias, extermínio, escravização.
O desaparecimento de línguas indígenas ainda se faz presente. Para se ter uma ideia, recentemente a língua xipaia perdeu sua última índia falante, em Altamira, no Pará; poucos anciãos são falantes da língua guató, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; a língua mehinaku, em Mato Grosso, é uma das que também corre o risco de desaparecer.
Conhecer e preservar o extenso repertório das línguas indígenas ainda é um grande desafio que o Brasil enfrenta. É preciso que todos, unidos por um ideal comum, contribuam para a valorização da diversidade cultural indígena, um bem universal. Em 2002, São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, passou a ser o primeiro município brasileiro a colocar línguas indígenas ao lado da língua portuguesa. Uma lei municipal tornou as línguas tukano, baniwa e nheengatu como línguas co-oficiais da cidade.
A Lei 11.645/2008, que considerou “obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”, é também uma direção para que alunos do ensino fundamental e médio percebam que quanto mais diversidade cultural um país possuir, mais rico é em conhecimento. A exemplo, a menina Valentina Barzsina Stellato Calixto, de 9 anos, cursando o 3º ano do ensino fundamental de uma escola desta cidade, organizou um “dicionário camaiurá-português”, com palavras da etnia de mesmo nome, localizada no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Sem dúvida, um caminho para que crianças aprendam desde cedo a compreender a riqueza da diversidade cultural dos povos indígenas, verdadeiro receptáculo de saberes milenares.